A engorda de bovinos para abate em confinamento cresceu no Brasil entre os anos de 2002 e 2008 em cerca de 58%, tornando o país o segundo no mundo (só perde para os Estados Unidos) em número de bovinos abatidos que são terminados em confinamento.
Esse forte crescimento foi abortado em 2009, com a atividade registrando recuo nesse quesito, inclusive, segundo várias estimativas, fato que se repetirá neste ano. O confinamento de bovinos, que se caracteriza pela engorda dos animais em piquetes fechados -onde se alimentam exclusivamente com a ração fornecida no cocho- traz importantes ganhos para toda a cadeia produtiva da carne bovina.
Há ganho também para os consumidores finais, ao estabilizar a oferta de animais para abate durante a entressafra e, dessa forma, contribuir para conter altas excepcionais de preços.
Finalmente, o confinamento aumenta a qualidade e a homogeneidade dos animais, reduz a pressão de expansão da atividade para novas áreas, entre outras, fazendo com que o recuo no número de animais confinados possa ser considerado um retrocesso.
As causas desse retrocesso estão basicamente associadas às condições de mercado, sendo a principal delas a de que a rentabilidade da atividade em 2009 e neste ano, considerada a pressão de custo representada pelo gasto para aquisição dos animais que serão confinados, se apresenta aquém do necessário para estimular o crescimento da atividade.
Embora seja impossível controlar as condições de mercado, notadamente a formação de preços, alguns mecanismos criativos podem fazer com que as naturais oscilações de mercado tenham menos efeitos negativos sobre a atividade, ao redistribuir os riscos associados ao mercado entre os demais elos da cadeia produtiva.
As amplamente conhecidas -mas ainda relativamente pouco utilizadas- operações nos mercados futuros permitem que produtores transfiram riscos importantes para especuladores é um exemplo.
Outro desses mecanismos com potencial para trazer grande contribuição à atividade é o chamado "boitel", que, em essência, é um hotel para engorda de bovinos, em que se cobram diárias proporcionais ao ganho de peso e que podem ser pagas em espécie ou a partir de algum tipo de acordo de partição de lucros.
A iniciativa reduz substancialmente a necessidade de capital do confinador, ao eliminar a necessidade de aquisição dos animais para engorda e divide melhor o risco entre o confinador e o criador que produz os animais para confinamento.
Outros tipos de mecanismos que permitam alcançar objetivos semelhantes precisam ser desenvolvidos para garantir a retomada do crescimento da atividade de confinamento, o que é do interesse geral.
Fonte: Folha de SP
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