terça-feira, 7 de setembro de 2010

Expointer bate recorde em volume de vendas na 33ª edição

Público visitante de 561 mil pessoas, nos nove dias de feira, supera a marca alcançada em 2009
Com faturamento de R$ 1, 14 bilhão, a Expointer 2010 se encerrou neste domingo com um volume recorde de vendas de todas as edições - no ano passado chegou a R$ 1,07 bilhão. Em leilões e vendas diretas de animais e genética, o valor somou até o início da tarde de domingo R$ 14 milhões, contra 8,3 milhões do ano passado - alta de quase 60%.
Embora tenham participado menos animais nesta edição, a qualidade genética apresentada foi melhor, o que acabou elevando os preços médios e o faturamento final. Outro número positivo em relação ao ano passado foi o de público visitante, que nesta edição chegou a 561 mil pessoas, contra 420 mil do ano anterior. Os números foram divulgados pela governadora Yeda Crusius e pelos demais coordenadores de área da feira.
As vendas de máquinas agrícolas, aliadas às de automóveis, também foram os grandes incentivadores de negócios. Apenas a agroindústria familiar ficou abaixo das expectativas, fechando com faturamento de R$ 800 mil contra R$ 1,03 milhão do ano passado. A expectativa era faturar 40% a mais neste ano, mas devido às chuvas e à visita do presidente Lula - quando por motivos de segurança o pavilhão funcionou com apenas 50% de sua capacidade, o volume não foi atingido. O secretário da Agricultura, Gilmar Tietböhl, explicou também que no dia da visita de Lula não aconteceu a chamada "rodada de negociações" do setor, que somente no ano passado faturou R$ 221 mil. "Foi uma conjunção de fatores", lamentou.
O setor de máquinas e implementos agrícolas também registrou resultados positivos. Conforme números do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas do Estado (Simers), o setor movimentou cerca de R$ 827,5 milhões, correspondendo à venda de 15 colheitadeiras e 230 tratores. "Esta superação é resultado da liberação de créditos e financiamentos mais baratos, superando a edição de 2009", afirmou o presidente da entidade, Claudio Bier. Os financiamentos liberados pelos bancos, destinados ao crédito para construções e equipamentos para as grandes agroindústrias, alcançaram R$ 230,25 milhões.
No ramo de automóveis as vendas saltaram de R$ 39 milhões em 2009 para R$ 71 milhões neste ano, fruto do aquecimento do setor de crédito e das muitas facilidades de pagamento em vigor na feira. Já os expositores de artesanato comercializaram R$ 1 milhão, contra R$ 940 mil da edição passada.
Sperotto mostra descontentamento com a ausência de Lula na cerimônia de abertura
Na coletiva de balanço do Sistema Farsul neste domingo, na Expointer, o presidente da entidade, Carlos Sperotto, voltou a mostrar seu descontentamento com a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de abertura da mostra na sexta-feira. "Se o problema dele é comigo, algo pessoal, poderíamos ter mandado um representante da Farsul, pois não se pode personalizar a entidade", disse o dirigente. Sperotto afirmou que a intenção do setor era propor ao presidente Lula a abertura do diálogo para discutir questões como seguro rural, renda e solução do passivo agrícola, e através disso mostrar a realidade do meio rural.
"Iríamos tratá-lo com a mesma fidalguia e carinho que fizemos em 2003, quando ele esteve aqui pela primeira vez", garantiu. Em relação às dívidas rurais, ressaltou que enquanto os bancos cobram um montante de R$ 110 bilhões dos produtores rurais, o "valor real" do passivo está na casa dos R$ 64 bilhões. Mesmo com a ausência e com o período eleitoral em curso, Sperotto afirmou que o setor não vai desistir de encaminhar essa discussão a Brasília, mesmo que para isso tenha que aguardar até o próximo dia 2 de janeiro, quando o novo presidente já terá assumido.
Entre os pontos positivos da Expointer 2010, o presidente da Farsul destacou a liberação de R$ 100 milhões, através de um convênio com o Banco do Brasil para reforçar plantéis e a reposição de matrizes. Ressaltou também o incremento em mais de 60% na venda de animais e dos preços médios que, segundo ele, obtiveram alta de 40%. O dirigente da Farsul, Francisco Schardong, atribuiu o crescimento das vendas ao mercado aquecido e aos preços pagos pelo boi vivo. "Trata-se de um cenário promissor para as 32 feiras de primavera que serão realizadas a partir da Expointer", disse. Na feira de novilhas realizada pela Farsul, a comercialização alcançou R$ 562 milhões, com 721 animais arrematados. O vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, destacou a excelência da genética gaúcha exposta em Esteio. "Só o Rio Grande do Sul consegue desenvolver raças europeias pelo clima temperado. E é essa qualidade que o mundo busca." O dirigente disse que a Expointer desse ano foi, mais uma vez, palco de importantes debates como a questão do seguro rural, indispensável para que a agricultura seja efetivamente moderna. "O agronegócio é fabuloso, mas o produtor anda mal, pois falta renda para pagar as contas que vêm do passado."
Críticas marcam inauguração oficial
Sem a tão esperada figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a inauguração oficial da Expointer com o Desfile dos Campeões na sexta-feira foi palco de exaltação da pujança do agronegócio gaúcho, mas com espaço para críticas à atuação dos governos em relação ao setor.
O presidente da Fetag/RS, Elton Weber, enfatizou a necessidade de melhoria da rentabilidade para os produtores rurais e criticou o impasse para a aprovação da redução das Áreas de Preservação Ambiental (APPs) proposta pelo novo Código Florestal que tramita no Congresso. "A agricultura não pode ser vista como destruidora do meio ambiente", concluiu, citando a necessidade de aumento da produção de alimentos em 50% até 2030, conforme o levantamento da FAO.
A governadora Yeda Crusius saudou a qualidade do que foi exposto e anunciou a redução da carga tributária sobre o arroz a partir de outubro, além da isenção aos exportadores atendidos pela Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO), desde que a matéria-prima tenha sido adquirida de produtores do Estado. A renúncia fiscal corresponde a R$ 13,6 milhões ao ano.

FONTE: Jornal do Comércio
Autor: Raquel Santana e Ana Esteves

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