Frigoríficos consultados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, seguem pressionando as cotações da arroba. Apesar desse posicionamento, os preços do boi gordo têm conseguido relativa sustentação, especialmente quando se leva em conta o período do ano, noutros tempos chamado de “safra”. No acumulado deste mês, analisando-se 16 praças pesquisadas pelo Cepea, a maior queda (à vista) é de 1,9% no Triângulo Mineiro; entre os ajustes positivos, o maior é de 1% no Noroeste do Paraná.
No estado de São Paulo, a média ponderada à vista (mercado físico) recua 0,67% em comparação a 31 de março, fechando nessa quarta-feira a R$ 103,32 com Funrural; sem Funrural, a média ponderada Cepea para SP foi de R$ 100,94. Por sua vez, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, que liquida os contratos futuros de boi negociados na BM&FBovespa, fechou a R$ 104,18 nessa quarta, acumulando nessa parcial do mês queda de 0,32%. A base de dados coletados para o cálculo da média do mercado físico e do Indicador (mercado financeiro) é a mesma. A diferença é que, para o Indicador, os negócios realizados a prazo são trazidos para valor presente pela taxa de desconto CDI, que foi de 0,92% ao mês nessa terça. Já para a média do chamado “mercado físico” é usada a taxa de desconto NPR, a 3,059% ao mês nessa quarta-feira.
Conforme pesquisadores do Cepea, a indústria frigorífica segue alegando que o mercado atacadista de carne está resistente em comprar o produto nos preços atuais. Dessa forma, frigoríficos ficariam “impedidos” de reajustar os patamares da arroba do boi. De fato, neste início de mês, período em que a demanda tende a aumentar, os preços no atacado registram apenas pequenos aumentos.
Em março, o volume exportado aumentou em 12,6 mil toneladas sobre fevereiro (o que altera a disponibilidade interna, podendo haver aumento de certos cortes e redução de outros), mas alguns colaboradores do Cepea atuantes no atacado paulistano vinham relatando a existência de estoques na indústria nacional. Outro fator a ser levado em conta é que os preços relativos de frango e especialmente de suíno podem estar atraindo parte do consumo dos brasileiros, tirando força da carne bovina.
CARNES CONCORRENTES – Considerando-se especificamente a segunda quinzena de março dos últimos cinco anos (de 2007 a 2011), a carcaça casada de boi no atacado da Grande SP é em média 76% mais cara que o frango resfriado, mas na última quinzena, esteve 113% superior. Em relação ao suíno (carcaça comum), a vantagem do boi é, na média de cinco anos, de 30% e, recentemente, esteve em 58. Todos esses dados são da base Cepea.
Na parcial de abril, a carcaça casada de boi (média ponderada do traseiro, dianteiro e costela) no atacado da Grande São Paulo teve média de R$ 6,43/kg, aumento de 0,8% sobre 31 de março. No acumulado desse período, o preço do traseiro não variou, a ponta de agulha valorizou 0,4% e o dianteiro, 2,5%. Os percentuais são pequenos, mas significam um alento num cenário que vinha sendo caracterizado por baixas significativas dos preços.
PRODUÇÃO – Dados divulgados pelo IBGE referentes ao último trimestre de 2010 apontam que os abates de bovinos diminuíram 3% sobre o terceiro trimestre do ano e, no comparativo com o final de 2010, a redução foi de 3,8%. Além do menor número de cabeças, também o peso das carcaças reduziu. No comparativo com o trimestre anterior, a queda foi de 5,2% e, com o último trimestre de 2009, de 6,2%. Esses dados confirmam as freqüentes declarações de pecuaristas e representantes de frigoríficos sobre redução do volume negociado. Para aquele período (final de 2010), o IBGE confirmou também o aumento dos abates de vacas, novilhas e novilhos, o que coincide com o captado pelo Cepea com seus colaboradores de mercado.
Já no agregado do ano, os abates de bovinos somaram 29,265 milhões de cabeças, 4,3% maior em relação aos de 2009. Em relação especificamente a bois, o aumento registrado pelo IBGE é de 6%. O mesmo percentual de aumento foi verificado no peso da carcaça dos animais machos.
EXPORTAÇÃO – Neste início de ano, operadores de mercado consultados pelo Cepea seguem relatando baixa oferta, e dados da Secex vêm ao encontro dessa argumentação. Em janeiro, fevereiro e também em março houve diminuição do volume exportado no comparativo com o mesmo período do ano anterior. O volume exportado em janeiro de 2011 foi 23% menor que o de janeiro de 2010; o de fevereiro de 2011, 10% e o de março, 1% inferior.
As informações são da assessoria de imprensa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
FONTE: Agrolink
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