Nos últimos anos, vários pedidos de recuperação judicial no setor de frigoríficos em todo o país expuseram a crise que ainda ronda o setor, como demonstra o recente pedido de recuperação judicial encaminhado pelo Frigorífico Mataboi (MG), um dos maiores e mais conceituados do país, com dívidas de R$ 360 milhões. Para a Abrafrigo, esta situação se iniciou ainda com a febre aftosa, descoberta no Mato Grosso do Sul em 2005, que afetou as exportações brasileiras e derrubou o preço da arroba do boi, levando ao abate de matrizes e consequente redução do rebanho.
Quando o setor começava a esboçar uma reação veio a crise financeira internacional de 2008 que agravou a situação a tal ponto que muitos pecuaristas trocaram a atividade pela produção de etanol. “Entre 2009 e 2011 persistiu uma situação de falta de bovinos vivos para abate que elevou o preço da arroba do boi acima da média histórica, mas não recuperou as margens nem capitalizou os frigoríficos”, explica Péricles Salazar, Presidente-Executivo da Abrafrigo.
Embora a Abrafrigo considere importante para o produtor o atual preço do boi, pois estimula a retenção e a oferta no longo prazo, os frigoríficos brasileiros continuam convivendo entre dois pólos distintos : baixa oferta de animais para abate e uma grande concorrência no mercado atacadista de carnes, ocasionada por uma capacidade produtiva na indústria muito superior a demanda por parte dos consumidores, mesmo a indústria ainda operando com uma significativa capacidade ociosa.
Para o dirigente, a saída reside numa série de sete medidas, a nível de decisão do poder público, que podem reverter o quadro nas empresas e na cadeia produtiva, já que para os pecuaristas os preços atuais estão adequados, que induz à retenção de matrizes e a recuperação do rebanho bovino. “O primeiro ponto é o BNDES suspender todo e qualquer financiamento para novas plantas de frigoríficos no país. Já existem plantas demais e a capacidade ociosa média do setor é de 40%”, explica Péricles Salazar. Um segundo aspecto, para a Abrafrigo,“ é a oferta, pelo BNDES, de linhas de financiamento para empresas em dificuldades, desde que elas ofereçam garantias reais”, diz ele. O terceiro ponto também reside na oferta de crédito, desta vez para os pecuaristas, a juros compatíveis com a taxa Selic, para elevar a velocidade de recuperação do rebanho bovino brasileiro.
Como quarto aspecto desta estratégia de recuperação, a Abrafrigo sugere uma maior agressividade por parte do governo e das empresas para buscar os novos mercados da China, Coréia do Sul, Taiwan e recuperar a UE, com a finalidade de elevar o volume das exportações brasileiras. “O quinto ponto é a criação de medidas compensatórias para os frigoríficos exportadores diante da elevada apreciação do Real”, diz o Presidente-Executivo da Abrafrigo. Finalmente, segundo ele, uma sexta providência seria a agilização por parte do governo da monetização de créditos do PIS e Cofins a que os frigoríficos exportadores têm direito. “Isso poderia injetar mais de R$ 600 milhões na atividade”, finaliza o dirigente. A sétima sugestão da Abrafrigo é a execução de um planejamento de longo prazo, a ser realizado pelo setor privado em conjunto com o setor público, no qual far-se-ia um amplo e detalhado diagnóstico da cadeia produtiva, dos seus problemas conjunturais e estruturais, elencando-se a seguir políticas públicas que objetivem o seu desenvolvimento e crescimento sustentável, harmonizando a necessidade de uma maior produção com respeito ao meio-ambiente. Por último, o dirigente apela para o grande varejo brasileiro no sentido de diminuir as suas elevadas margens de lucro, reduzindo os preços para os consumidores e assim possibilitar maior giro das carnes em suas prateleiras.
As informações são da assessoria de imprensa da ABRAFRIGO - Associação Brasileira de Frigorifícos .
FONTE: Agrolink
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