O Professor da Unicamp, Pedro Eduardo de Felício, iniciou sua palestra no Congresso Internacional da Carne, realizado em junho passado em Campo Grande/MS, explicando que devemos pensar na tipificação de carcaças porque na pecuária de modo geral existe muita diversificação, "existem bovinos de todo jeito". No seu ponto de vista esse tipo de prática ajudaria a garantir a qualidade exigida pelo consumidor.
Ele comentou que é sempre importante classificar o produto agrícola. "Já é uma tradição em muitos países classificar a matéria-prima e no Brasil esse tipo de prática já existiu, no passado o país já classificou sua carne para exportar para a Inglaterra. Seria muito importante, para padronizar um pouco mais. Nós estamos em uma fase que a gente já produz muito e agora a gente tem que começar a melhorar a qualidade do nosso produto".
A primeira publicação sobre tipificação de carcaças nos EUA foi feita em 1910, já determinando classes e tipos de animal, lembrou de Felício, que é um dos maiores especialistas em carne de qualidade do Brasil. Segundo ele, esse sistema foi oficializado em 1926.
O documento descrevia o sistema da seguinte maneira: "As classes da carcaça bovina são, Steers (novilhos), Heifers (novilhas), Cows (vacas) e Bulls (touros). Esta classificação é baseada não apenas nas diferenças de sexo, mas também sobre os usos gerais a que estão adaptadas,. Dentro das quatro classes, a carcaça é classificada como Prime, Choice, Good, Medium, Common e Canners". Após esta classificação existe uma tabela de preços de acordo com tipo de carcaça que está sendo entregue ao frigorífico. Segundo o professor, este sistema foi muito utilizado durante a 1ª Guerra Mundial pelo exército americano para comprar carne.
"Estamos só 100 anos atrasados em relação a eles, mas acredito que podemos adotar este tipo de sistema".
Essas avaliações são feitas nas carcaças frias, após o rigor mortis e visam uma classificação para a venda de carne que acaba se refletindo também na compra do gado. Um dos problemas é que a adoção de sistema de tipificação de carcaças exigente a determinação de bonificações e penalidades, que podem causar certo desconforto na relação em frigoríficos e produtores, mas que podem ser resolvidos com a implantação de programa bem definidos.
"Hoje os EUA utilizam tipificação eletrônica, com equipamentos que conseguem fazer diversas análises na carcaça fria. Já no Brasil nenhum frigorífico faz esse tipo de análise", frisou o palestrante.
Pedro de Felício citou ainda diversos sistemas que estão sendo usados em outros países produtores de carne bovina. "Na Argentina os frigoríficos fazem a tipificação, mas não pagam diferenciais de acordo com esta análise e preço é tratado no momento da compra do gado, de acordo com a sua qualidade".
"No Uruguai os frigoríficos levam a sério a tipificação de carcaças, mas também não pagam a mais por isso. Eles pagam apenas por marmoreio quando estão exportando para os EUA".
"Em 1971, o Dr. Miguel Cione Pardi propôs um sistema de tipificação de carcaça baseado nos parâmetros exigidos na União Europeia (UE), pois ele acreditava que venderíamos nossa produção para a UE e tínhamos que trabalhar como eles". Esse sistema pregava uma Classificação pura e simples das carcaças que facilitaria o comércio com o mercado europeu. Resumidamente seriam identificadas raça, sexo, conformação da carcaça, gordura, cor e peso. "Nesse sistema quem diferencia preços é mercado, ele só classifica as carcaças sem determinar o que é melhor ou pior".
Felício avaliou que critérios utilizados por outros países não deve ser copiado na íntegra, mas deve ser avaliado e adotado o que é melhor para o nosso sistema.
No Brasil, o Sistema nacional de tipificação de carcaças bovinas foi oficializado pela Portaria nº 612, que foi publicada no Diário Oficial de 10/10/1989. "Essa portaria foi criada para tender a Cota Hilton e depois o Programa do Novilho Precoce [que hoje está ativo no Mato Grosso do Sul e paga bonificações às carcaças que se enquadrem na exigências], mas ainda faz uma análise muito heterogênea".
Segundo ele, outro ganho que a tipificação de carcaças pode trazer para a cadeia é que com ela podemos saber como anda nosso rebanho e como está o desenvolvimento da qualidade das nossas carcaças.
Pedro de Felício ressaltou ainda que não podemos colocar critérios relacionados a raça nos sistemas de tipificação de carcaças, principalmente se essas exigências discriminarem a maioria do gado de abate do país. "Isso é para marcas de carne".
Segundo ele esses critérios não devem ser adotados até mesmo porque ainda não conhecemos todo o potencial do gado Nelore. De maneira geral "conhecemos um gado branco". Como exemplo deste potencial ele citou um abate realizado pelo Fazenda 3R, de Figueirão/MS, onde animais de 10 meses apresentaram um peso de carcaça quente de 203kg.
O palestrante ressaltou que hoje no Brasil já podemos encontrar diversas marcas de carne e citou exemplos como o Nelore Natural, o Programa Seara Angus do Marfrig e o Programa Swift Black do JBS, que estão buscando produzir carnes de qualidade para atender os anseios do consumidor.
Pedro de Felício finalizou sua apresentação lembrando que nos EUA a carne para ser considerada boa tem que ser gorda e isso é uma característica intrínseca do sistema de produção adotado por eles, já que grande parte dos pecuaristas norte americanos alimentam seu gado com milho. "Temos que estudar se queremos seguir por este caminho. Mas está claro que os frigoríficos tem que participar junto com pecuaristas e pesquisadores desta discussão e então investir em pesquisas para desenvolver uma tecnologia nossa de avaliação e depois capacitar a mão-de-obra".
Ele comentou que é sempre importante classificar o produto agrícola. "Já é uma tradição em muitos países classificar a matéria-prima e no Brasil esse tipo de prática já existiu, no passado o país já classificou sua carne para exportar para a Inglaterra. Seria muito importante, para padronizar um pouco mais. Nós estamos em uma fase que a gente já produz muito e agora a gente tem que começar a melhorar a qualidade do nosso produto".
A primeira publicação sobre tipificação de carcaças nos EUA foi feita em 1910, já determinando classes e tipos de animal, lembrou de Felício, que é um dos maiores especialistas em carne de qualidade do Brasil. Segundo ele, esse sistema foi oficializado em 1926.
O documento descrevia o sistema da seguinte maneira: "As classes da carcaça bovina são, Steers (novilhos), Heifers (novilhas), Cows (vacas) e Bulls (touros). Esta classificação é baseada não apenas nas diferenças de sexo, mas também sobre os usos gerais a que estão adaptadas,. Dentro das quatro classes, a carcaça é classificada como Prime, Choice, Good, Medium, Common e Canners". Após esta classificação existe uma tabela de preços de acordo com tipo de carcaça que está sendo entregue ao frigorífico. Segundo o professor, este sistema foi muito utilizado durante a 1ª Guerra Mundial pelo exército americano para comprar carne.
"Estamos só 100 anos atrasados em relação a eles, mas acredito que podemos adotar este tipo de sistema".
Essas avaliações são feitas nas carcaças frias, após o rigor mortis e visam uma classificação para a venda de carne que acaba se refletindo também na compra do gado. Um dos problemas é que a adoção de sistema de tipificação de carcaças exigente a determinação de bonificações e penalidades, que podem causar certo desconforto na relação em frigoríficos e produtores, mas que podem ser resolvidos com a implantação de programa bem definidos.
"Hoje os EUA utilizam tipificação eletrônica, com equipamentos que conseguem fazer diversas análises na carcaça fria. Já no Brasil nenhum frigorífico faz esse tipo de análise", frisou o palestrante.
Pedro de Felício citou ainda diversos sistemas que estão sendo usados em outros países produtores de carne bovina. "Na Argentina os frigoríficos fazem a tipificação, mas não pagam diferenciais de acordo com esta análise e preço é tratado no momento da compra do gado, de acordo com a sua qualidade".
"No Uruguai os frigoríficos levam a sério a tipificação de carcaças, mas também não pagam a mais por isso. Eles pagam apenas por marmoreio quando estão exportando para os EUA".
"Em 1971, o Dr. Miguel Cione Pardi propôs um sistema de tipificação de carcaça baseado nos parâmetros exigidos na União Europeia (UE), pois ele acreditava que venderíamos nossa produção para a UE e tínhamos que trabalhar como eles". Esse sistema pregava uma Classificação pura e simples das carcaças que facilitaria o comércio com o mercado europeu. Resumidamente seriam identificadas raça, sexo, conformação da carcaça, gordura, cor e peso. "Nesse sistema quem diferencia preços é mercado, ele só classifica as carcaças sem determinar o que é melhor ou pior".
Felício avaliou que critérios utilizados por outros países não deve ser copiado na íntegra, mas deve ser avaliado e adotado o que é melhor para o nosso sistema.
No Brasil, o Sistema nacional de tipificação de carcaças bovinas foi oficializado pela Portaria nº 612, que foi publicada no Diário Oficial de 10/10/1989. "Essa portaria foi criada para tender a Cota Hilton e depois o Programa do Novilho Precoce [que hoje está ativo no Mato Grosso do Sul e paga bonificações às carcaças que se enquadrem na exigências], mas ainda faz uma análise muito heterogênea".
Segundo ele, outro ganho que a tipificação de carcaças pode trazer para a cadeia é que com ela podemos saber como anda nosso rebanho e como está o desenvolvimento da qualidade das nossas carcaças.
Pedro de Felício ressaltou ainda que não podemos colocar critérios relacionados a raça nos sistemas de tipificação de carcaças, principalmente se essas exigências discriminarem a maioria do gado de abate do país. "Isso é para marcas de carne".
Segundo ele esses critérios não devem ser adotados até mesmo porque ainda não conhecemos todo o potencial do gado Nelore. De maneira geral "conhecemos um gado branco". Como exemplo deste potencial ele citou um abate realizado pelo Fazenda 3R, de Figueirão/MS, onde animais de 10 meses apresentaram um peso de carcaça quente de 203kg.
O palestrante ressaltou que hoje no Brasil já podemos encontrar diversas marcas de carne e citou exemplos como o Nelore Natural, o Programa Seara Angus do Marfrig e o Programa Swift Black do JBS, que estão buscando produzir carnes de qualidade para atender os anseios do consumidor.
Pedro de Felício finalizou sua apresentação lembrando que nos EUA a carne para ser considerada boa tem que ser gorda e isso é uma característica intrínseca do sistema de produção adotado por eles, já que grande parte dos pecuaristas norte americanos alimentam seu gado com milho. "Temos que estudar se queremos seguir por este caminho. Mas está claro que os frigoríficos tem que participar junto com pecuaristas e pesquisadores desta discussão e então investir em pesquisas para desenvolver uma tecnologia nossa de avaliação e depois capacitar a mão-de-obra".
FONTE: BEEFPOINT POR ANDRÉ CAMARGO
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