Recuo nos preços no fim do primeiro semestre fez com que pecuaristas reduzissem número de animais na primeira etapa de confinamento
Marcela Caetano e Mônica Costa
A Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) revisou para baixo as perspectivas para o confinamento de animais neste ano. No começo de 2011, a previsão era de incremento de 31% no número de animais confinados. Após consulta aos associados, a projeção passou a ser de aumento de 11% a 12% sobre os resultados do ano passado, quando 300 mil animais foram confinados.
A pesquisa considera 62 confinamentos associados a entidade nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Pará e Maranhão.
O recuo na estimativa, segundo Bruno Andrade, zootecnista da Assocon, é resultado da queda na entrada de animais no cocho no primeiro ciclo de confinamento (nos meses de abril e maio). “No fim do primeiro semestre, os preços futuros se aproximaram muito dos praticados no mercado físico e o custo de produção estava muito elevado, o que desestimulou os produtores”, explica.
Ele acredita que, com a recente recuperação dos preços da arroba, a atividade deve ganhar fôlego. No entanto, afirma que não há como recuperar o recuo registrado no primeiro semestre.
Andrade ainda pondera que o aumento dos custos de aquisição de alimentos, que cresceu, em média, 20% em julho deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado, pode levar produtores a reavaliarem suas estratégias. “Muitos pecuaristas fazem ciclo completo e, dependendo do investimento na alimentação, podem optar por manter os animais no pasto.”
Na semana passada, o Instituto Mato-grossense de Pesquisa Agropecuária (Imea) divulgou seu segundo levantamento sobre as perspectivas de confinamento em Mato Grosso, no qual projeta aumento de 34,7%. A oferta deve atingir 798.410 cabeças, ante as 592.834 cabeças confinadas durante a entressafra do ano passado.
Para Otávio Celidônio, superintendente do Imea, o aumento foi uma surpresa, pois a expectativa era de redução em relação a abril. Ele atribuiu a reversão de tendência à boa rentabilidade do negócio, que está acima de 20%. Cesar de Castro Alves, analista da MB Agro pondera que o mês de julho foi excepcional em termos de recuperação no mercado futuro, “ tenho a impressão de que isso deve ter estimulado muita gente confinar este ano, o que pode surpreender e segurar os preços”.
O economista afirma que, com a melhora no volume de animais confinados, o teto do preço do boi gordo não deve chegar ao patamar atingido em 2011. "No ano passado, tinhamos menos animais confinados e houve um pico em novembro, com uma pressão forte por causa de seca. Este ano, não teremos estes vetores. Tudo indica que as chuvas vão chegar antes e o confinamento não será tão pequeno”, conclui.
Fonte: Portal DBO
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