A resposta é não!
Uma alta de R$3,00/@ em 15 dias e uma queda de R$0,30/@ não justificariam uma reversão. Sem contar que estamos na entressafra, ou seja, essa não cola!
Obviamente quem gosta de faturar grade especulando no mercado futuro aproveita uma escorregada do mercado físico e um cenário de pessoas físicas super posicionadas na compra para manter a volatilidade elevada e ganhar dinheiro com a queda, mas o mercado físico não reverteu tendência por enquanto.
A questão é que o mercado futuro e o mercado físico convergem, mas no meio tempo eles podem descolar bastante e por várias vezes, e isso assusta quem olha de perto. Por isso nessas horas é interessante tirar a lente de aumento da frente.
Vamos falar basicamente da oferta e da demanda, sem complicações (ou pelo menos, vamos tentar).
A demanda, como já comentamos em outros artigos, certamente tem feito a sua parte. Com a economia brasileira fortalecida e com o brasileiro ganhando melhor, o consumo de proteínas de qualidade vem aumentando.
Porém há alguns meses fiz um estudo específico sobre a representatividade do gasto do brasileiro especificamente com as carnes e cheguei à seguinte conclusão: ele já está esticado. É o que nos mostra o gráfico abaixo. Observe:
Gráfico 1.
Participação do gasto com carne bovina dentro da cesta básica – %.
Como pode o brasileiro aumentar muito mais o gasto com algo que já custa mais do que custava antes? Principalmente quando esse gasto significa mais dentro de um orçamento específico? Isso dificulta um pouco o aumento do consumo de carne bovina, entretanto, a diferença entre carne bovina/frango e carne bovina/suíno tem diminuído, o que favorece a competição. Ainda estão historicamente abertos, mas têm melhorado. Ponto positivo para o potencial do consumo se continuarem nesse caminho!
Sobre as exportações, só tenho a lamentar! O Brasil continua perdendo mercado e o volume de carne bovina exportada não dá sinais de reação, principalmente com o dólar em queda, o que faz com que sejam necessários mais dólares pra comprar um mesmo volume de carne. Traduzindo: perdemos competitividade frente aos concorrentes internacionais.
Gráfico 2.
Evolução do volume de carne bovina brasileira exportada – mil t.
Certo, a demanda tem dificuldades em expandir, mas continua firme, basicamente. E a oferta?
Estamos claramente na entressafra, pois a oferta de animais de pasto já era há um bom tempo. Não é novidade ao leitor. Entretanto, como publicou o Rogério Goulart da Carta Pecuária (www.cartapecuaria.com.br) nesta semana, a oferta de animais de confinamento já pode estar mexendo com algumas praças. Reflexo disso é que os diferenciais de base se alargaram em Goiás e Mato Grosso, porém encolheram no Mato Grosso do Sul e Tocantins. A primeira praça possui grande concentração de confinamentos. A segunda, nem tanto.
E daqui para frente, como ficará? Bem, a oferta de confinados ainda é um pouco nebulosa, mas já tenho ouvido falar muito sobre semi-confinamento, que é uma modalidade que não apresenta dados oficiais nem pesquisas. Parece-me que a oferta desta categoria poderá surpreender os mais altistas.
Tirando isso, invariavelmente as pesquisas apontam pelo menos leve alta para o volume de confinados. Já ouvi falar de 10% a mais de 30%. Se ficar na média, há possibilidade de não recuperar a queda de 20% ocorrida em 2010 ou então empatar. E aí, amigo, se o consumo continuar forte, o boi poderá permanecer ascendente e alcançar seu pico típico entre outubro e novembro, porém de maneira mais comedida, como é o que tenho desenhado aqui alguns artigos atrás. De toda forma, tem uma nova pesquisa sobre volume de confinamento 2011 prontinha pra sair do forno. Vamos aguardar para tecer novas conclusões. Ah, só para lembrar, a maioria dos picos ocorre entre outubro e novembro, mas já ocorreram em agosto, setembro e até em dezembro!
Até a semana que vem!
FONTE: www.agroblog.com.br /autor Lygia Pimentel
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