Rogério Goulart, administrador de empresas, pecuarista e editor da Carta Pecuária cartapecuaria@gmail.com Reprodução permitida desde que citada a fonte |
Vamos fazer uma coisa diferente hoje. Convido você a se levantar das primeiras fileiras nesse teatro da pecuária e ir comigo ocupar lá atrás as cadeiras na última fileira. “Mas, hei, Rogério, assim a gente perde os detalhes da peça!” É verdade, caro leitor, mas o que a gente perde de detalhes a gente ganha conseguindo um olhar mais abrangente do palco. Ainda vemos a movimentação dos atores principais, porém não perdemos de vista o cenário e os atores coadjuvantes. A primeira coisa que notamos ao olhar a pecuária um pouco mais longe é que o ciclo pecuário atual começou em 2006. Um ciclo é medido pelos seus fundos, ou seja, ligando seus dois momentos ruins. O ciclo atual começou em 2006. O ciclo pecuário anterior, que durou 10 anos, ocorreu entre 1996 e 2006. O primeiro gráfico, abaixo, mostra quanto a arroba do boi vale acima da inflação. Por exemplo, hoje a arroba vale +12% acima da inflação. O pico do ano passado ela chegou a valer +29%. Em seu pior momento de 2006 ela chegou a valer –36% abaixo da inflação. Observe o que falei antes. Os fundos - os piores preços - definem a virada do ciclo. Em 1996 estivemos passando por um período ruim e o outro ocorreu em 2006. Obviamente não me fundamento aqui somente nesses últimos 18 anos. A história dos ciclos pecuários no Brasil é antiga. Tem mais de 50 anos. Esse é o oitavo ciclo pecuário brasileiro desde a década de 50. Não há nada que a gente possa fazer sobre o ciclo pecuário anterior, mas sobre esse ciclo, sim. Estamos bem no meio dele, quer você queira ou não. Ciclos pecuários são iguais à força da gravidade. Eles não são uma questão de opinião. Você pode não acreditar que exista a força da gravidade, mas experimente se jogar de um prédio para ver o que acontece. Ciclos pecuários ocorrem em todos os países que possuem bovinos. Ciclos pecuários ocorrem até mesmo nos rebanhos selvagens na natureza sem nenhuma intervenção do homem. Então, como estamos no ciclo atual? Temos que saber de uma coisa, uma somente. O ciclo é definido pelo número de vacas em cria, que geram bezerros, que serão os bois gordos no futuro. A pecuária é uma eterna corrida do boi gordo para buscar o bezerro. Em outras palavras, é uma eterna corrida do boi gordo para se ajustar aos preços do bezerro. Obviamente, existe uma janela de tempo para isso ocorrer, como demonstrada no gráfico abaixo. Agora, essa janela é flexível. Pode demorar mais, pode ser mais curta. Pode sofrer interferências da economia, das crises, etc. É por isso que não basta identificar corretamente o momento em que estamos no ciclo. Para um bom planejamento dos investimentos nas fazendas, para os melhores momentos de compra de gado (magro ou gordo), é necessário acompanhar de perto a oscilação dos preços dos seus membros. O gráfico acima mostra a valorização da arroba do boi e o preço do bezerro desde o início desse atual ciclo pecuário. Repare que o bezerro começou a subir no início de 2006 — o boi, alguns meses depois. Ambos viraram para alta em 2006, e é isso que nos importa. Te pergunto. Qual dos dois mercados está com maior alta? Desde 2006 o bezerro subiu até agora 126%; o boi 112%. O bezerro é a referência de preço, em outras palavras, como é possível ver no gráfico acima. Então, atualmente o bezerro ainda está em alta mais intensa que o boi. É certo que uma hora ele irá cair - a retenção de fêmeas está no seu auge agora - e a oferta desses pequenos animais já é claramente sentida no mercado. Mas não está caindo agora. Nem o preço do bezerro, nem a sua arroba, como você pode ver no gráfico abaixo. Os dois são exatamente os mesmos gráficos, um em R$/@, outro em R$/Kg. Faz quase um ano agora que a arroba do bezerro oscila entre 110~130 reais ou, em quilos, aproximadamente 3,60~4,40 reais por quilo. Então essa opção de não cair na entressafra passada e a safra atual chama a atenção para a elasticidade dessa alta, pelo menos nos próximos meses de entressafra. Sendo assim, caro leitor, vamos ficar de olho. “Não subestimar a safra, não subestimar a entressafra”é uma lei aqui na Carta Pecuária. Em 2011 não vamos fazer diferente. Intenções de confinamento para 2011 - Assocon: +31% no início do ano, revisou para +12% recentemente. IMEA: +30% no MT uns meses atrás, revisou agora para +35%. Sugestão da Carta Pecuária. Sabe o que falta sobre as previsões? O consolidado do ano. Temos as intenções, mas e o consolidado, o que realmente ocorreu para aferir as intenções? Faz falta. Independente das previsões, o mercado sente a arroba para outubro ao redor de 107~108 reais. Observe no gráfico abaixo. Ao redor disso aí foi onde esse mesmo contrato “parou” de subir uns meses atrás. Estamos testando os 107/108 novamente, pelo menos na última sexta-feira. Se segurar ao redor disso aí novamente esse contrato ficará interessante. 107 reais na bolsa equivalem uma arroba de R$ 104,50 à vista, livre de impostos. Aviso: está no ar o blog da viagem de moto para a Rodovia Fantasma e Trasamazônica! Entre no sitewww.cartapecuaria.com.br e confira! Nota da Bigma Consultoria: O texto de Rogério Goulart, da Carta Pecuária, publicado nesse espaço, foi resumido e alguns gráficos podem ter sido suprimidos. Acesse a análise completa e com os gráficos no site da Carta Pecuária |
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Não subestime a safra, e nem a entressafra
Postado por
Eduardo Lund / Lund Negócios
às
10:18
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