terça-feira, 8 de novembro de 2011

SISBOV 2012

Quase todos os dias, ao longo de 2011, fui questionado sobre o futuro do SISBOV. É impressionante o número de produtores, reporteres, políticos e pessoas ligadas ao agronegócio que me perguntam: "E ai Luciano, o que mudou no SISBOV?" A resposta que sempre dou é simples: ABSOLUTAMENTE NADA.

Explicar esta resposta é que acaba levando um bom tempo. Brinco com as pessoas dizendo que o SISBOV é o Rocky Balboa dos programas de governo. Apanha, apanha, apanha mas continua de pé. E tal qual o personagem do filme, parece cativar a platéia com seu poder de encaixe, de não desabar a cada soco que leva e conseguir reagir quando parece exausto. Pois hoje o SISBOV é isso mesmo. Embora ainda existam muitos querendo derrubá-lo, um grande número de pessoas passou a respeitar o sistema, a tê-lo como referência de segurança alimentar e a apoiar o seu desenvolvimento (vide União Européia, comerciais em rede nacional do JBS-Friboi e filme institucional da ABIEC, e isso são apenas alguns exemplos).

Mas as comparações com nosso boxeador não param por ai. O SISBOV envolve muito dinheiro ao longo de toda cadeia da carne e, justamente por isso, não faltam aqueles empresários de novos talentos esportivos que vemos nos filmes que surgem do nada para abocanhar um quinhão quando acham que descobriram mais uma mina de ouro.

O número de oportunistas que já surfou na onda SISBOV daria para encher um tsunami pranchas. Voltando a pergunta que tanto me fazem, volto a resposta: desde que foi publicada a IN 17, em junho de 2006, as regras do SISBOV nada mudaram.

Mas então o que aconteceu? Mais uma vez a resposta é simples: exatamente o que tinha que acontecer. As regras começaram a ser cobradas com maior rigor, as propriedades rurais foram "aprendendo a fazer fazendo", como tanto se diz nos processos de gestão moderna, o MAPA, as delegacias e agências estaduais foram amadurecendo, as certificadoras foram se aprimorando e sendo depuradas em auditorias e estamos entrando num 2012 com a seguinte perspectiva: Um SISBOV baseado na IN 17, sem os excessos de exigências que foram necessários para corrigir os desvios de rumos, ficando apenas as empresas que realmente tem condições e estrutura para serem certificadoras, crescendo em muito o papel do MAPA em auditar fortemente a atuação destas.

Vejo também um 2012 com boas chances do Brasil ter autonomia para indicar as fazendas (a Europa voltou a confiar no SISBOV), e com mais agilidade nos processos. O decréscimo de quase 10% de propriedades na lista TRACES de 2011 deve se transformar num acréscimo de mais de 200% em 2012. Isso porque todo setor se beneficiará. São mais toneladas sendo vendidas para os mercados que pagam mais, é mais dinheiro circulando em toda cadeia da pecuária, é bom para todos e para o Brasil.

Só não podemos ter, assim como nas lutas do Rocky, provocações e tentativas de vencer as batalhas no grito ou nos boatos. Todos já sofreram demais por conta de garantias de mudanças que jamais ocorreram, pela implantação certa de projetos que jamais saíram do papel e para alteração concreta nas regras que nunca aconteceram.

O SISBOV é hoje um sistema respeitado, forte, auditável, de adesão voluntária e nacional. A condução do MAPA está sendo feita com maestria. E não esqueçamos nunca que as relações são entre países e não de países com estados.

Importante vermos o caso de Santa Cataria que mesmo tendo identificado todo seu rebanho, perdeu todas as propriedades TRACES por conta da não adêrencia ao programa SISBOV (não vamos esquecer que Santa Catarina é referência positiva em defesa animal).

No Rio Grande do Sul estão querendo fazer um programa que seja obrigatório, com o uso de brincos eletrônicos e que não seja integralmente aderente ao SISBOV. A intenção é a melhor possível mas o resultado, se assim for feito, será um knockout na pecuária gaúcha. Atenção aos líderes de todos estes processos pois quando somos responsáveis por levar todo um setor da economia a "beijar a lona", podemos receber vaias da platéia.

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