Os pecuaristas gaúchos terão que cuidar melhor dos seus campos se quiserem continuar sendo uma referência na pecuária brasileira e mundial. O alerta foi dado, ontem, pelo vice-presidente da Farsul, Francisco Chardong, no lançamento feito pelo presidente do Sindicato Rural de Lavras do Sul, Francisco Abascal, e pelo criador Fernando Adauto, do V Seminário O Pampa e o Gado, que ocorrerá naquela cidade, nos dias 4 e 5 de julho. O cuidado e a melhoria, segundo Fernando Adauto, são exigências da preservação do ambiente natural dos campos nativos, e, segundo Chardong, exigência da mudança que está havendo no campo gaúcho, onde a agricultura, especialmente o arroz e a soja, estão ocupando áreas tradicionais da pecuária. “O avanço fantástico da soja, que também tomou áreas do arroz, levou a pecuária para cima das pedras, onde os pastos terão que ser melhorados para que os animais sobrevivam e deem a rentabilidade que deles se espera”, segundo Chardong. O arroz já perdeu 200 mil hectares e a pecuária 320 mil para a soja. Além do mais, o fazendeiro gaúcho nunca colocou nada sobre o pasto nativo para melhorá-lo. Segundo Adauto, a partir de agora vai ter que fazê-lo.
Campos II
O V Seminário O Pampa e o Gado vai discutir, também, a segunda grande praga (a primeira é o carrapato) que atrasa a pecuária gaúcha, o capim annoni. Durante a manhã do dia 4, vários técnicos falarão sobre a situação atual, a área já coberta pela praga, como foi introduzida no Estado, o controle químico e mecânico, seus efeitos nos animais e apresentarão a máquina Campo Limpo, desenvolvida para eliminar o annoni. Este capim mata o pasto natural do Pampa e pouco serve aos animais, pois é menos nutritivo. Foi trazido para o Brasil como solução e se transformou em praga, pois é extremamente resistente à capina, à estiagem e aos produtos químicos.
Campos III
O secretário adjunto da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Cláudio Fiorezze, informou que o Estado também está preocupado com a melhoria dos campos e, inclusive, prepara um Índice de Conservação dos Pastiçais, para ver o que será preciso fazer para conservá-los e melhorá-los. Também anunciou a conclusão do projeto de lei que vai tornar obrigatória a rastreabilidade dos bovídeos no Rio Grande do Sul. Depois de um ano de discussão nas Câmaras Setoriais, foram definidas as normas e, principalmente, resolvido o grande impasse sobre quem vai pagar os custos, pois os fazendeiros acham muito caro implantar a rastreabilidade na forma que está posta hoje. O Estado vai cobrir os custos, em torno de R$ 5,00 por animal (brinco, chip, inlay e equipamento de leitura), e espera rastrear, no mínimo, 2 milhões dos 2,5 milhões de animais que nascem por ano no Estado. O projeto vai ser encaminhado à Assembleia Legislativa. Mesmo que seja aprovado, alguns não creem em sua implementação enquanto o governo federal não tomar uma decisão clara e definitiva sobre a rastreabilidade, atualmente optativa em nível nacional.
FONTE: JORNAL DO COMERCIO
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