O aumento dos custos dos insumos e a manutenção das commodities em um patamar alto geram incertezas em alguns setores, principalmente para os pequenos criadores, mas segmentos da cadeia acreditam que confinar gado para acelerar a engorda é uma prática sem volta no País.
No ano passado foram registradas 3,9 milhões de cabeças levadas para estruturas de confino, um aumento de 12,7% com relação a 2011, quando haviam sido confinadas 3,46 milhões de cabeças. Para este ano, as previsões de fontes do setor que participam da 19ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), consultadas pelo DCI, variam de 3,5 milhões para ao menos quatro milhões de cabeças.
Dentro do grupo dos pessimistas está o produtor Guilherme Reich, proprietário de uma fazenda de 5 mil cabeças de boi da raça Senepol em Camapuã (MS). Ele diz que manterá o mesmo grau de confinamento do ano passado, com 2 mil animais, mas prevê margens menores. "O preço do grão está muito alto e a arroba do boi está muito baixa", reclama. Reich, que também planta soja e milho para abastecer o gado, diz que o custo específico do confinamento está cerca de 7% maior que ano passado. Ele ressalta, porém, que o maior impeditivo vem dos gastos maiores com a Lavoura, com alta de preços de 30% com defensivos e de 15% com adubo.
Para os pecuaristas que dependem de fornecedores, os custos têm sido mais pressionados. O pequeno produtor Luiz Carlos da Silva, que possui 1.250 cabeças em Piratininga (SP), diz que pagou neste ano 12% a mais com as rações a base de milho e soja.
Ele conta que sua estratégia será plantar 242 hectares de soja neste ano para ter mais uma fonte de renda e de quebra garantir a nutrição do pasto. Silva diz que já garantiu a seleção do gado para o confinamento de sua fazenda, de 500 cabeças.
Em geral, o confinamento dos bois começa a ser feito no início de junho e dura cerca de 80 dias. Portanto, a maior parte dos pecuaristas que decidiu fazer confinamento já realizou os investimentos para a Infraestrutura e já iniciou a seleção do gado.
Entre os fornecedores, as avaliações são mais divididas. A coordenadora de confinamento da empresa de nutrição animal Premix, Amanda Oliveira, acredita que o rebanho confinado baixará para 3,5 milhões de cabeças, queda puxada principalmente pelos criadores de São Paulo, Bahia e Goiás, onde os preços ao produtor estão mais baixos. Porém, a analista ainda acredita em uma mudança dessa tendência caso o preço da arroba se recupere.
Já Ricardo César, da MultiBovinos, empresa de software de gestão do gado, ressalta que os pequenos pecuaristas, proprietários de 500 a 2 mil cabeças, são os que menos têm investido na técnica, já que estão mais suscetíveis às variações de preço entre fornecedores e clientes. "Os grandes [pecuaristas] estão investindo e ampliando a estrutura de confinamento porque já têm estrutura montada, já fecharam contratos de compra de insumos e contratos de venda do boi gordo", explica. Apesar da divisão, ele acredita que a atividade de confinamento neste ano está "promissora". "A lucratividade virá mais ao final do confinamento. Como as chuvas estão se alongando, os produtores também estão demorando para terminar o gado", afirma.
Se para os grandes pecuaristas o confinamento não deve ser um problema neste ano, para os frigoríficos é uma estratégica de mercado. A JBS, por exemplo, reservou neste ano um orçamento 59% maior com relação ao ano passado para o confinamento de bois de criadores com quem mantêm parceria. Segundo o coordenador de relações com pecuaristas do frigorífico, Eduardo Pedroso, o orçamento deste ano permitirá o confino de 280 mil cabeças, contra 176 mil cabeças no ano passado.
Autora: Camila Souza Ramos. Fonte: DCI
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