Andriolli Costa / Rural Centro
Os animais de destaque de seis criadores diferentes circularam a pista de julgamento central da Feicorte 2013, em São Paulo. Pequenos e compactos, os bovinos da raça Wagyu chamam pouca atenção frente aos grandes animais espalhados pelo evento. No entanto, não é no exterior e na aparência que a força deste gado se manifesta, mas sim na sua carne – reconhecida como a mais macia do mundo.
A carne do animal, popularizada mundialmente pela marca Kobe Beef, possui grandes índices de marmoreio, a gordura insaturada entremeada nas fibras. Esta gordura, saudável e de qualidade, derrete com o cozimento e dá sabor e maciez únicos à carne. Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Wagyu. Saduo Iisaki, o animal pode ser descrito em uma única palavra: qualidade. Ele, que já foi criador de Nelore, investiu em 60 cabeças do gado japonês cinco anos atrás e afirma: “O consumidor brasileiro ainda está conhecendo a carne do Wagyu, mas o mercado já reconhece”.
Uma cabeça de animal puro de origem é vendida em média entre R$ 9 e 12 mil. No caso de um gado com marmoreio exemplar, de acordo com simulações financeiras da associação, o valor pode chegar a até R$ 13,5 mil. Com a venda direta para restaurante e butiques de carne, o faturamento da arroba pode atingir de R$ 250 até R$ 430 (valor de cortes nobres, como o contrafilé).
Atualmente, do rebanho de 50 produtores associados, cerca de 5 mil são puros de origem e 30 mil representam os animais cruzados. Para Eliel Palamin, médico veterinário da Fazenda Yakult e técnico da Associação, o cruzamento do Wagyu com outras raças torna a comercialização mais viável, ainda que o valor agregado do animal puro seja maior. A atenção exigida, no entanto, é a mesma. “A genética é um dos componentes que vão garantir o marmoreio e o acabamento esperados, mas aquele que tentar criar o boi sem preparo só vai ter prejuízo”. Entre os cuidados necessários estão a suplementação das vacas gestantes – para garantir a boa formação do bezerro -, mamada controlada e a castração até o desmame.
Gerente da Fazenda Angélica, em Americana (SP), Odílio Marin Filho trabalha com a raça há cerca de oito anos. Para ele, a principal diferença na lida com o wagyu não está no manejo, mas sim na terminação. “O boi, utilizado para a produção de carne, fica de 180 a 200 dias no confinamento a mais do que um nelore”. Como o preço do confinamento é calculado por animal/dia a produção acaba encarecida, mas o preço da arroba, em média 200% maior do que o tradicional, acaba compensando.
Eliel Palamin aponta outra importante diferença que envolve a terminação mais demorada. Enquanto raças mais precoces são abatidas a partir de 24 meses e com 450 kg, o Wagyu é abatido a partir dos 32, com 750 kg. “O animal precoce tem maciez, mas perde em sabor. O Wagyu precisa desse tempo para se tornar uma carne gourmet adequada às exigências dos seus consumidores”, esclarece.
Serviço
Além do julgamento, a Associação realiza o Ciclo de Palestras da Raça Wagyu nesta quinta-feira (20), a partir das 16h, durante a 19ª Feira Internacional da Cadeira Produtiva da Carne. Serão abordados temas como os fatores que influenciam a maximização do marmoreio, a comercialização da carne e a orientação genética na raça. A Feira acontece até a sexta-feira no Centro de Exposições Imigrantes. A entrada é gratuita.
Além do julgamento, a Associação realiza o Ciclo de Palestras da Raça Wagyu nesta quinta-feira (20), a partir das 16h, durante a 19ª Feira Internacional da Cadeira Produtiva da Carne. Serão abordados temas como os fatores que influenciam a maximização do marmoreio, a comercialização da carne e a orientação genética na raça. A Feira acontece até a sexta-feira no Centro de Exposições Imigrantes. A entrada é gratuita.
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