terça-feira, 18 de junho de 2013

Pastagem menor, renda maior

Brasileiros passam a aproveitar melhor a área de suas propriedades rurais e aumentam faturamento do rebanhos de corte

DIÁRIO DA MANHÃ
WANDEL SEIXAS
Os investimentos dos pecuaristas em tecnologia estão resultando em menor área ocupada em pastagens pelo rebanho, no entanto, com maior produção de carne bovina. A área de pastagem recuou no Brasil 2,4% nos últimos cinco anos, segundo dados divulgados pela Scot Consultoria. Em 2008, as pastagens ocupavam 171,74 milhões de hectares, contra 167,61 milhões registrados em 2013. Paralelamente a isto, a produção de carne bovina aumentou 9,9%. De 9,15 milhões de toneladas equivalente carcaça ou sem osso em 2008 para 10,06 milhões em 2012.
Segundo informações da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), enquanto a área ocupada com o gado no Brasil caiu 8% entre 1975 e 2011, a produção dobrou no mesmo período. O órgão chegou a este resultado a partir da análise de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados do IBGE confirmam o levantamento da Scot Consultoria, instituição considerada relevante pelas representações dos agropecuaristas brasileiros. Os dados de ambos, no entanto, foram feito em datas diferentes, mas que batem pelo conjunto. 
O levantamento mostrou que as terras usadas pela atividade pecuária de 165,6 milhões de hectares, em 1975, para 152 milhões em 2011. Já a produção saltou de 102,5 milhões de cabeças para 204 milhões nesses 36 anos. 
Avanço tecnológico
Com o avanço tecnológico, a pecuária brasileira se tornou uma das mais produtivas do mundo. Apenas entre 2001 e 2009, o crescimento foi de 4,04%. De acordo com o coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques, a produtividade da pecuária reflete bastante no Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário, afetando outros ramos da atividade agrícola.
Diversos fatores contribuíram para aumentar a produtividade da pecuária nos últimos anos. Entre eles estão os investimentos feitos pelo governo e empresas privadas em pesquisas, irrigação, energia, e na melhoria das rodovias e das redes de telecomunicações. A maior disponibilidade de crédito também tem sido um fator importante para impulsionar a agropecuária como um todo.
Ricardo Yano é confinador de gado de corte em Goiás e presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura. Os investimentos postos em prática pelos pecuaristas ao longo dos últimos anos “estão dando respostas positivas tanto no plano econômico e social quanto com relação ao meio ambiente”. O desfrute atual é salientado pelo pecuarista, observando que hoje se abate um boi com idade entre dois anos a dois anos e meio, e com maior ganho de peso em comparação com a criação tradicional. Neste processo, um abate ocorre com um animal com idade superior a cinco anos. 
A redução de abate pela metade faz com que o rebanho ocupe o mesmo espaço e com maior rendimento. Em regime de confinamento ou semi-confinamento o animal tem melhor acabamento num processo de engorda e alimentação protéica. O resultado disso é a produção de uma carne mais nobre e melhor aceita pelo mercado. As pastagens melhoradas culminam com melhor alimentação do gado e a história se repete com os investimentos em genética, que resultam na qualidade do animal, e que também pode ser abatido mais cedo. Ele terá, além do mais, maior ganho de peso e tornando-se, desta forma, mais rentável aos produtores. O consumidor final terá, por sua vez, uma carne tenra. Yano chama a atenção para outro aspecto: o meio ambiente ganha porque reduz-se drasticamente o espaço de criação.
Esses comportamentos mostram a tendência da profissionalização da pecuária brasileira, na qual é usual produzir mais arrobas em menos espaço, conclui o presidente da SGPA. Nutrição, manejo e confinamento resultam numa carne mais nobre, na observação de pecuaristas. 
Goiás dispõe atualmente de mais de 20 milhões de cabeças de gado distribuídos cerca de 15 milhões de hectares de pastagens plantadas e quatro milhões de hectares de pastagem natural, segundo o economista Pedro Arantes, do Departamento Técnico da Federação da Agricultura do Estado de Goiás. Com o sistema de rotação posto em prática pelos agropecuaristas goianos, as possibilidades são de um animal e meio por hectare numa área de apenas cinco milhões de hectares. “Então sobra ainda muita terra para o crescimento da lavoura”, conclui.

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