Produtor pode aumentar sua rentabilidade por hectare de R$ 100 para até R$ 1.500.
Produzir mais carne em uma mesma área é o mais recente desafio dos bovinocultores brasileiros. Associando sistemas de produção como, por exemplo, integração lavoura pecuária e floresta, é possível também elevar os índices de produtividade das lavouras e recuperar as áreas de pastagens degradadas. Essas foram algumas das conclusões apresentadas no 3° Workshop sobre Intensificação de Sistemas Agropastoris para Produção de Bovinos de Corte, realizado no último dia 12, em Goiânia (GO), pela Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO) e Cerrados (Planalatina-DF), e Associação Goiana dos Criadores de Zebu.
No dia 13, os participantes do evento verificaram na prática as informações técnicas divulgadas no dia anterior. Durante o Dia de Campo realizado na Embrapa Arroz e Feijão, foram demonstrados os benefícios da Integração Lavoura Pecuária e Floresta, as formas de manejo de pastagens, alimentação e saúde em bovinos de corte. Os participantes ainda acompanharam as avaliações visual e de carcaça dos animais.
A integração lavoura pecuária e floresta (ILPF) reúne, na mesma área, atividades agrícolas, pecuárias e florestais, com o sistema de cultivo consorciado, em sucessão ou rotação de culturas. Desenvolvendo várias atividades em uma mesma área, o produtor reduz seus custos e, consequentemente, tem maior rentabilidade econômica.
De acordo com Tarcísio Cobucci, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, o pecuarista que adota esse sistema aumenta sua produção de seis arrobas de carne por hectare para 20 arrobas; de 50 sacas para até 80 sacas de grãos; e recebe, em média, R$ 1 mil por hectare pela venda de madeira. "O produtor pode aumentar sua rentabilidade de R$ 100 para até R$ 1.500 hectares", garante Cobucci ao explicar que alternando lavoura e pecuária, o produtor não sofre oscilações econômicas, pois uma atividade compensa a outra.
A menor emissão de gases de efeito estufa também é uma das vantagens da integração lavoura pecuária e floresta. Isso, porque a pastagem mais produtiva absorve e acumula carbono no solo, o que compensa a emissão de metano pelos animais. Outro sistema que também reduz a emissão é o confinamento.
Roberto Sainz, professor da Universidade da Califórnia, apresentou resultados de um estudo que teve a participação de pesquisadores da Embrapa, em que a emissão de gás cabônico por quilo de produto cai de 25,8 com animais manejados em pastos degradados para 15,8 para sistema de confinamento.
Avaliação genética
Para melhorar o desempenho animal, o pecuarista pode optar pelo melhoramento genético do rebanho. Cláudio Magnabosco, pesquisador da Embrapa Cerrados, apresentou, durante o Worshop, os conceitos básicos de melhoramento, a importância da escolha da raça de acordo com ambiente em que o animal é criado e os critérios na seleção de reprodutores bovinos. Segundo ele, os animais de genética superior, identificados de acordo com as estimativas de Diferença Esperada na Progénie (DEPs), garantem maior produtividade dos descendentes e valorização na comercialização.
O programa de melhoramento genético, segundo Magnabosco, é um dos fatores que gera uma pecuária competitiva sustentável. "Embora o Brasil seja o maior exportador de carne bovina, a pecuária nacional ainda apresenta baixa produtividade. Ao implantarmos novas tecnologias podemos conquistar novos mercados com carne de maior qualidade, que consequentemente terá maior valor agregado", assegurou.
Carina Ubirajara de Faria, professora da Universidade Federal de Uberlândia, explicou que o diagnóstico genético do rebanho subsidia as informações para direcionar a seleção. Assim, o pecuarista deverá escolher os touros para melhorar seu rebanho conforme as características de interesse. Se a necessidade, por exemplo, é de um animal com maior habilidade materna, deverá ser escolhido um touro com DEP positivo para esta característica, que será transmitida para suas filhas.
O rebanho nelore do pecuarista Marco Aurélio de Oliveira Fernandes tem passado por uma evolução genética. Integrante do programa de melhoramento genético da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), Fernandes considera que cada vez mais o mercado exige touros com avaliações genéticas. "O pecuarista procura touros de acordo com DEPs para obter melhores resultados. Quanto mais técnicas forem difundidas e mostrarem resultados, mais pessoas se interessarão pelo melhoramento", disse.
Fonte: Jornal de Brasília
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