sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Uma vida dedicada à bovinocultura

As contribuições do pecuarista João Vieira de Macedo Neto para o agronegócio gaúcho e brasileiro estão nas pesquisas genéticas de reprodutores e na tomada de dianteira na organização e inclusão de novas raças de animais nos criadouros. Macedinho, como é conhecido, é proprietário da tradicional Cabanha Azul, localizada em Quaraí, referência na área de zootecnia com importantes contribuições na seleção e melhoramento do rebanho bovino gaúcho e brasileiro.
A primeira grande busca de Macedinho por tecnologia ocorreu em 1970, quando viajou aos Estados Unidos - época em que iniciou a aquisição de genética diferenciada. Com este trabalho, o pecuarista se tornou um dos indutores do biótipo New Type no Brasil. Com a experiência e a visibilidade deste trabalho, o criador participou do desenvolvimento do primeiro programa de melhoramento genético do Brasil, o Promebo.
Seu trabalho ganhou notoriedade também pela participação em associações de raças. Foi presidente da Associação Nacional de Criadores - Herd Book Collares, em Pelotas, onde iniciou o processo de modernização e informatização do Arquivo Genealógico das raças ali controladas, e da Associação de Criadores de Angus, Devon e Hereford, onde teve contribuição para a consolidação de raças especializadas em produção de carne de qualidade para o mercado nacional e internacional.
Um marco de sua gestão na entidade foi a inicialização do registro da raça Bradford no Brasil. "Percebi que esta era uma raça forte, cruza de dois touros, e bem adaptada ao Rio Grande do Sul, então defendi e trabalhei pelo início do registro", explica, lembrando que, de certa forma, a raça já era criada no Estado, mas não de maneira formalizada.
A iniciativa veio dentro de sua posição de estimular a melhoria genética dos rebanhos nacionais, adaptados e selecionados. Até poucas décadas atrás, apenas Nelore era criado em solo gaúcho, e boa parte era gado importado.
Outra importante contribuição de Macedinho foi o desenvolvimento de uma metodologia para avaliar os reprodutores, ao final dos anos 1970. Contatado por um estudante de zootecnia, o cabanheiro forneceu dados e ajudou a montar uma matriz precisa para avaliação, que leva em conta informações como peso, aprumo e conformação. Até hoje, o método é parâmetro para os criadores. Em trabalho junto com o Ministério da Agricultura, obteve verbas e fez nascer o projeto.

Agrônomo por profissão, cabanheiro por paixão
Nascido em Belo Horizonte (MG) em 19 de setembro de 1934, Macedinho veio para o Rio Grande do Sul cedo, onde estudou o Ensino Médio e mais tarde se formou em Agronomia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Logo após obter o diploma, fixou residência na Cabanha Azul, na Fronteira-Oeste do Rio Grande do Sul, onde passou a atender aos plantéis de reprodutores da família.
A participação em exposições de animais promovidas pelo governo do Rio Grande do Sul começou em 1961, então realizadas no Parque Menino Deus e posteriormente em Esteio. Sua participação era intensa, com vasta apresentação de bovinos das raças Angus, Devon e Hereford.
A partir de então, Macedo Neto empilhou 110 grandes campeonatos, sendo que em 2007, na comemoração dos 100 anos da Cabanha Azul, pela terceira vez conquistou títulos nas três raças a que se dedica na Expointer. Ao receber as premiações, sempre faz questão de dedicá-los à sua equipe, que considera fiel e comprometida, alinhado ao seu estilo conciliador e humano de trabalhar.
Conhecido pelo seu trabalho mas avesso a honrarias, é inevitável que seu nome recebesse grandes reconhecimentos. Um dos principais foi o recebimento da Medalha Assis Brasil concedida pelo governo do Estado aos principais nomes do agronegócio gaúcho. Atualmente está afastado das atividades, e a Cabanha Azul está sob a administração de suas filhas.

FONTE: JORNAL DO COMÉRCIO RS

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