sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Frigoríficos tentam fortalecer marcas e integrar logística

Os frigoríficos brasileiros JBS e Marfrig agora põem à prova suas estratégias para transformar a alta de escala em ganhos operacionais, após se tornarem grandes consolidadores da indústria de carnes.
Cada um à sua maneira, os dois buscam as chamadas sinergias, economias e vantagens competitivas que podem conseguir por ter um porte maior e por produzir as três principais tipos de proteína animal: bovina, suína e de aves.
Os caminhos, no entanto, são distintos. O JBS espera ampliar seus ganhos com um plano de investimento bilionário na distribuição, integrando a logística das diferentes empresas que adquiriu. Já o Marfrig usa sua maior musculatura para realizar investimentos de marketing que as empresas adquiridas, separadamente, não teriam condições de fazer.
O JBS possui grandes marcas, como a Swift, mas o foco na eficiência da operação fez o grupo definir um plano de investimentos de US$ 2 bilhões na distribuição, já que os recursos aplicados nessa área podem ser aproveitados por todas as empresas e marcas, em conjunto.
"É na distribuição que as três proteínas se encontram", diz o diretor de Relações com Investidores do JBS, Jeremiah O'Callaghan.
O objetivo da companhia é ampliar e integrar os centros de distribuição e o transporte de suas várias áreas de negócio para reduzir os custos com armazenagem e transporte.
Agora, um caminhão poderá levar a uma pequena cidade americana tanto as carnes bovina e suína da Swift (adquirida em 2007) quanto os produtos de frango da Pilgrim's Pride, recém integrada ao JBS.
Os esforços na distribuição já fizeram o grupo ampliar o número de clientes atendidos em 22% no último trimestre, superando a marca de 300 mil.
O frigorífico também conseguiu capturar sinergias de US$ 34,5 milhões no transporte com a compra da Pilgrim's, e espera economizar mais US$ 50 milhões por ano com a otimização da logística da empresa de aves. O mesmo vale para as exportações.
Com a absorção do frigorífico Bertin, seu maior concorrente no Brasil, o JBS capturou em seis meses R$ 89 milhões em sinergias anuais de exportação e logística. Além da melhoria logística, o porte maior permite a renegociação de contratos de frete.
Marcas
Já o Marfrig está apostando, e alto, na construção de uma marca global que sirva de guarda-chuva para todas as suas proteínas e no fortalecimento de suas marcas regionais.
A brasileira Seara, adquirida da americana Cargill, concentra os investimentos em marketing para vender produtos oriundos de qualquer fábrica do Marfrig: desde uma picanha de boi abatido no Mato Grosso até uma linguiça suína fabricada no interior de Santa Catarina.
Ganhar sinergias na área de marcas é um desafio dos frigoríficos, habituados a trabalhar no segmento de carnes bovinas.
"Basta ver que no supermercado as pessoas escolhem a marca do frango e da linguiça suína, mas não a do corte bovino", diz o consultor Osler Desouozart, ex-diretor de companhias como Perdigão e Sadia.
O Marfrig aproveitou sua escala para dar maior projeção às suas principais marcas como patrocinador da Copa do Mundo de Futebol na África do Sul.
Com apenas uma cota de patrocínio, o frigorífico variava as marcas em destaque conforme a região das seleções em jogo, mas sempre expondo também a Seara, presente em mais de 100 países.
Já a distribuição não está no foco dos R$ 400 milhões de investimentos do Marfrig para 2010. Mas é nela que podem aparecer as primeiras sinergias da aquisição da americana Keystone, a ser concluída até o fim do ano.
"As sinergias mais evidentes serão na distribuição na Europa, onde já temos uma operação grande, mas haverá muitas outras", afirma Ricardo Florence, diretor de Relações com Investidores do Marfrig.

FONTE: Brasil Econômico

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