Além de otimizar a produção de carne, processo pode diminuir a agressão ao meio ambiente já que ocupa área menor
A porcentagem de bovinos criados em confinamento ainda é bem pequena no País. Se limita a apenas 5% do volume de gado produzido por ano, atualmente em 40 milhões de cabeça. O processo encarece um pouco a atividade, destacam especialistas, exige trabalho diferenciado dentro da porteira, mas pode ser no futuro a saída para a demanda mundial de carne, que vem crescendo ano após ano. É no que apostam empresas e produtores do setor.
Neste momento em que a discussão sobre a necessidade de se produzir mais alimentos para atender a demanda mundial futura, aliada à preservação ambiental, está tão aflorada, ressaltam que o confinamento será um dos caminhos, já que é possível produzir mais, em menos tempo e com a mesma área.
Produtor e especialista no assunto, Dante Pazzanese, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Univesidade de São Paulo (Esalq/USP), cita que nos países desenvolvidos o consumo de carne era de 74 quilos per capita, em 1983, e subiu para 76 em 1993. Já nos países em desenvolvimento, a média por pessoa era de 14 quilos e passou para 21, respectivamente. "Foi um aumento considerável. À medida que a renda per capita aumenta, o consumo de carne e seus derivados também aumenta", avalia Pazzanese.
Em 35 anos, estima-se que o consumo de carne dobrará no mundo. Atualmente, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) são produzidas entre 220 milhões e 230 milhões de toneladas por ano. "Até 2050, vamos ter que dobrar a produção de carne para atender a demanda do mundo. Como se faz isso? Derrubando a Amazônia?", questiona o professor, ressaltando que 70% dessa demanda será suprida a partir de tecnologias de produção.
A pecuária intensiva, então, aparece no horizonte como uma possibilidade para se produzir mais carne, de forma mais rápida. "O processo é positivo porque diminui o ciclo, é possível diversificar a produção e ainda aumentar o lucro para o produtor", destaca Hyberville Neto, médico veterinário e consultor da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP).
No confinamento, segundo Pazzanese, o animal ganha peso mais rápido e o acabamento fica mais homogeneizado. No processo intensivo, usa-se mais tecnologia, a alimentação é à base de grãos e aditivos. Quando o gado, no Brasil, vai para o confinamento - já com cerca de dois anos - fica de 80 a 90 dias e engorda 1,5 quilo por dia. Em comparação, no pasto fica perto de 1 ano e engorda diariamente em torno de 400 gramas.
Um dos empecilhos para se aumentar a porcentagem de gado criado de forma intensiva no País, contudo, é que o processo fica mais caro. Segundo o produtor, o confinamento se torna menos competitivo em relação à pecuária extensiva, considerada bem mais barata. Levantamento feito pela Esalq e a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) aponta que um boi custa R$ 4 por dia no confinamento, já no pasto R$ 10 por mês.
"Aqui nossa produção a pasto é bem mais barata e o Brasil tem área grande e que ainda pode ser ocupada sem desmatamento. É uma "competição" difícil", destaca Pazzanese. O problema, segundo ele, é que a pecuária extensiva, às vezes, acontece de forma desregrada no País, o que tem provocado a polêmica de que os pecuaristas são um dos grandes agressores do meio ambiente.
FONTE: Folha de Londrina
Autor: Erika Zanon
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