O mercado do boi gordo em 2010 atingiu os maiores patamares dos últimos anos, níveis históricos, com as cotações sempre em ascensão, praticamente firmes de janeiro a dezembro, com raros momentos de queda. O pico aconteceu em novembro, quando o mercado chegou a registrar o recorde de R$ 118 por arroba, e em dezembro voltou a ficar mais sereno, e os valores recuaram levemente, porém, ainda bastante firmes.
De acordo com a veterinária da Scot Consultoria, Maria Gabriela Tonini, neste momento, "além de muitos frigoríficos estarem fora das compras, algumas empresas abriram ordens de compra mais baixas, sendo que a oferta bastante limitada fez o mercado travar".
O clima de festas de fim de ano, segundo o Cepea, tem diminuído a liquidez no mercado pecuário. Muitos frigoríficos reduziram suas compras, fazendo com que os preços da arroba registrassem ligeiras queda nos últimos dias, mesmo num cenário de baixa oferta. Na segunda-feira, por exemplo, a arroba do boi gordo recuou 0,73% no mercado interno, sendo comercializada por R$ 105,49 na média, contra R$ 106,27 na última sexta-feira. Já no mercado externo, a queda foi de 0,45% ficando em US$ 62,46, contra US$ 62,74.
Para os exportadores a situação continua boa. As exportações brasileiras de carnes somaram US$ 50,335 milhões nas quatro primeiras semanas de dezembro, período compreendido de 1º a 26. A média acumulada é 8,1% inferior à média diária de novembro último, de US$ 54,748 milhões.
Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No comparativo com a média diária de dezembro de 2009, de US$ 47,293 milhões, o desempenho deste mês é 6,4% superior.
A arroba do boi gordo iniciou 2010 valendo R$ 76,79 de acordo com o Cepea, resultado da crise que atingiu todo o mundo em 2008 e que fez o preço do produto chegar a R$ 72,60 em 2009. Somente em dezembro daquele ano a arroba começou uma recuperação e continuou em ascensão durante praticamente todo este ano, reagindo fortemente aos estresses de oferta ocorridos no ano, principalmente durante a entressafra. Atingiu o seu pico em R$ 117,18 ocorrido na primeira quinzena de novembro. Foram 53% de valorização em menos de um ano. Após um forte ajuste, é possível observar que a valorização ainda se encontra entre as mais altas historicamente, quase 40% sobre o início do ano.
Além do consumo interno aquecido, as exportações voltaram aos níveis pré-crise. O volume total exportado de janeiro a novembro de 2010 foi 7% superior ao mesmo período de 2009 e o faturamento foi 13% superior
Para o consultor Alcides Torres, da Scot Consultoria, foram quatro os fatores mais importantes para esta expressiva alta da pecuária de corte durante este ano. A começar pela oferta. Por conta dos prejuízos de 2009, o confinamento este ano foi menor, houve uma redução do rebanho e a oferta de animais foi bastante restrita. Paralelamente, a demanda externa também esteve bastante em alta. As exportações aumentaram em relação às de 2009, foi um ano de uma recuperação bastante positiva em que contribuíram para este bom momento. Além disso, Torres cita também a boa demanda interna. Em ano de eleições, houve muito dinheiro circulando na praça, o que foi revertido na compra de alimentos e também colaborou para a alta.
De acordo com o consultor, 2010 também foi um ano de capitalização no setor, haja vistos os investimentos que foram feitos, apostando suas fichas no próximo ano pelos pecuaristas.
No entanto, foi uma pequena parcela da população pecuarista que se aproveitou dos bons preços, ainda com um rebanho menor. "Até quem tinha boi, tinha menos boi."
Ainda segundo Torres, 2011 será o último ano do ciclo de preços em elevação e no ano seguinte, 2012, os preços podem ficar um pouco mais frouxos.
A pressão sobre o mercado do boi gordo diminuiu e o preço da carne no atacado já apresenta leve queda esta semana. Na segunda-feira, o Cepea registrou uma diminuição de 0,73% nos preços do produto, interrompendo uma série de aumentos. E as previsões são de que a curva descendente dos preços se acentue no início de 2011. Mesmo assim, os preços devem fechar com alta de 40% em comparação com janeiro deste ano.
FONTE: DCI - Diário do Comércio & Indústria
Autor: Renê Gardim
Autor: Renê Gardim
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