O problema já fez com que houvesse alteração nos preços do produto pago ao produtor, que tiveram incremento de 5%. Sobre a possibilidade de repasse desse percentual ao varejo, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Longo, garantiu que até agora não houve reflexos ao consumidor, mas com a sinalização de permanência na redução da oferta, é possível que os preços sofram elevação nos próximos dias. "Se já há o alerta da indústria é provável que esses 5% sejam repassados."
A escassez joga um balde de água fria no setor, justamente em um período considerado de recuperação - impulsionada pela retomada do ritmo de abates, que desde 2007 se mantinham reduzidos. "Chegamos a 1,85 milhão de cabeças abatidas em 2010, contra as 1,45 milhão verificadas em 2009, um incremento de 28%", afirmou Lauxen.
Entre as alternativas para minimizar o problema está a retomada das importações de carne de outros estados ou mesmo de animais vivos da Argentina e do Uruguai. Conforme o dirigente, a gravidade da situação é tanta que pode levar até dois anos para que volte à normalidade. Mesmo que comece a chover, será possível melhorar parcialmente o processo de engorda dos animais, no entanto, pela redução na disponibilidade de pasto, as fêmeas podem não entrar no cio, reduzindo o número de terneiros na primavera. O gerente regional da Emater de Bagé, Erone Londero, calculou que, caso a situação se mantenha, é possível que haja uma queda de 50% na disponibilidade de terneiros a campo em setembro deste ano. "Se calcularmos as perdas de Bagé, Dom Pedrito e Lavras do Sul, a redução da oferta pode chegar a 150 mil terneiros, ou R$ 90 milhões nos três municípios", alertou.
Londero destacou ainda os reflexos que a falta de chuvas sobre a formação das pastagens de inverno. "Caso a situação se mantenha, corremos o risco de ter campos rapados durante o frio, o que pode levar muitos animais à morte", alertou. A orientação da Emater é de que os pecuaristas comecem a se planejar para o plantio de variedades de pasto tardio, como é o caso da aveia. "O ideal seria plantar em março, mas como a seca deve se estender até lá, o plantio deve ser feito em abril." Londero afirma que cerca de 40% do rebanho gaúcho se concentra na região da Campanha e da Fronteira-Oeste, e a continuidade da seca pode culminar em prejuízo da ordem de R$ 500 milhões apenas nessas duas regiões.
FONTE: JORNAL DO COMERCIO
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