quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Janeiro foi um mês “normal”?

A fim de tentar aproveitar oportunidades e melhorar o resultado da comercialização da produção, estudamos o comportamento dos mercados em períodos anteriores para tentar prever o futuro ou pelo menos trabalhar com maiores probabilidades, aumentando assim as chances de acerto. É disso que se trata a análise técnica aliada à fundamentalista: tentar estabelecer padrões de comportamento dos mercados aos estresses de demanda e oferta.
Janeiro tradicionalmente representa a boca da safra de bois, ou seja, é quando os pastos já se recuperaram da seca na maioria das praças pecuárias e se encontram em boas condições para a terminação do animal com um menor custo (sem suplementação). Desse modo, a oferta de bovinos para o abate costuma aumentar gradativamente a partir da segunda quinzena de dezembro até maio/junho.
O consumo também segue um comportamento tradicional. Com os gastos excessivos realizados em decorrência das festividades e viagens de férias em dezembro, o “aperto” começa a pesar e a demanda por carne bovina costuma esfriar nesse período, principalmente pelos cortes de traseiro. O aumento da demanda que ocorre em dezembro costuma elevar os preços nesse período, e posteriormente, em janeiro, o varejo não costuma baixar seus preços novamente, o que não estimula o consumidor.
As exportações também não favorecem a alta dos preços pecuários nesse período. Em dezembro os portos de alguns dos nossos principais clientes (Rússia, p.e.) costumam congelar fazendo cair a demanda externa por carne bovina brasileira.
Levando em consideração tais aspectos (aumento de oferta e redução de demanda), pode-se dizer que janeiro não é um mês muito promissor em termos de preços pagos ao produtor. Desde 1994, os preços se mantiveram ou caíram em 12 meses de janeiro, ou seja, 70% das vezes.
E janeiro de 2011 não está sendo diferente. O consumo de carne bovina se mostra enfraquecido diante de preços altíssimos para o produto e preços em queda para as proteínas concorrentes (queda de 10% para o frango e 16% para o suíno). As exportações também não desapontaram e vêm patinando desde o fim do ano passado. Mas a surpresa tem sido a oferta de animais terminados. Apesar de as chuvas já terem chegado com força, a oferta continua lenta e o volume de negócios pequeno. Tudo bem, os preços caíram em janeiro, mas não se fosse a demanda enfraquecida, certamente os preços teriam encontrado sustentação, já que ainda se encontram acima dos R$100,00/@ em São Paulo.
Bom, após essa análise, o que esperar de fevereiro? Desde 1994 foi possível observar 7 quedas, ou seja, 41% das vezes. Fevereiro também representa um mês de maior oferta, mas a volta às aulas e a melhora da demanda externa costumam aquecer as vendas. Se a confirmação dessas expectativas virá, saberemos apenas no fim do mês. De toda forma, o estudo dos mercados aumenta as chances de melhorar a comercialização.

FONTE: www.agroblog.com.br / autor Lygia Pimentel

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