Com as óbvias e consideráveis limitações, parece nesta oportunidade interessante desenvolver projeções para o setor de carnes em 2011, tanto em nível interno como externo.
No âmbito internacional, embora ainda persistam muitas dúvidas quanto ao desempenho de importantes economias, tende-se a apostar numa recuperação, ainda que modesta.
Nesse contexto, acredita-se que o consumo mundial de carnes possa se expandir cerca de 1,5%, com destaque para as carnes de aves, cujo consumo deve crescer cerca de 2,5%.
A produção mundial de carnes deve se expandir também aproximadamente 1,5%, o que deve conferir equilíbrio entre oferta e demanda, sem maiores pressões sobre os preços.
A carne bovina deve ter comportamento distinto, com a produção recuando ligeiramente, o que certamente continuará a pressionar os preços no mercado externo.
Quando o foco da análise se volta para o Brasil, o cenário também parece otimista em termos de ampliação da produção e do consumo, embora também seja bastante provável que tenhamos mais um ano de preços relativamente altos para os consumidores.
O crescimento projetado para a economia brasileira em 2011, a continuidade da redução do desemprego (segundo o IBGE, a taxa no país atingiu o menor nível desde 2002) e a continuidade da expansão da renda, notadamente nas camadas de menor poder aquisitivo, tendem a sustentar um consumo em crescimento.
No caso da carne bovina, as estimativas são de que ocorra crescimento da produção entre 1,5% e 2%.
Essa maior produção ainda não deverá ser suficiente para provocar baixa acentuada dos preços, pois se espera que tanto os pagos pelos consumidores como os recebidos pelos produtores sejam apenas ligeiramente inferiores aos praticados em 2010, mantendo-os, portanto, em níveis historicamente elevados.
As projeções para a carne de frango são também otimistas. O crescimento da produção deve superar 3%, com a barreira de 12 milhões de toneladas sendo largamente superada.
Com as exportações sendo prejudicadas pela apreciação cambial e, eventualmente, pela suspensão das importações por parte da Rússia, a disponibilidade interna pode se elevar substancialmente, garantindo bons preços para os consumidores e um provável novo recorde de consumo per capita no país.
No caso da carne suína, espera-se que o consumo, a produção e as exportações evoluam positivamente, garantindo a expansão do setor em 2011.
Tanto para a carne de frango como para a de porco, uma forte elevação nos preços dos grãos pode influir muito negativamente sobre os custos de produção e, consequentemente, comprometer o desempenho desses setores.
Em síntese, pode-se afirmar que, na ausência de grandes conturbações econômicas ou climáticas, 2011 tende a ser um ano de crescimento do consumo e da produção de carnes.
JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro-agrônomo e diretor técnico da AgraFNP
Fonte: Folha de S.Paulo
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