Autor: A Gazeta
Dos 40 frigoríficos instalados no Estado, apenas 23 estão em funcionamento. Este é o resultado do estudo realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que realizou levantamento sobre a situação do setor. Atualmente, apenas 43% da capacidade de abate de 38,406 mil cabeças de gado é utilizada pelas empresas e a situação é mais preocupante no Nordeste de Mato Grosso. Por conta disso, mais de 10 mil empregos diretos deixaram de ser gerados.
Segundo o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, a situação dos frigoríficos foi acentuada pela crise no mercado financeiro mundial em 2008. "Muitas das indústrias se instalaram com uma ociosidade muito grande. Com a crise, estes grupos viram o acesso ao crédito encarecer e, por conta disso, encerraram as atividades". De acordo com ele, os grupos que restaram estão mal distribuídos, o que faz com que em algumas regiões haja a desvalorização do preço do gado vendido pelo produtor.
A situação dos pecuaristas é ressaltada pelo superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari. "Hoje vivemos um grande problema que teve início com a recuperação judicial de grandes empresas como o frigorífico Independência e o Arantes que reflete no preço do gado para abate até hoje". Além dos produtores, consumidores também têm sido prejudicados com a situação. "Isso porque o frigorífico paga menos para o produtor e vende mais caro ao varejo".
No Nordeste de Mato Grosso, das 5 plantas construídas, apenas uma está em pleno funcionamento. "O produtor vende, nesta região, cerca de 4% mais barato do que a média registrada em Mato Grosso", aponta Vacari. "É uma questão de mercado, as empresas querem ganhar e pela falta de concorrência colocam o preço de compra do gado em pé para baixo", complementa Celidônio.
Os produtores defendem, como medida paliativa, mudanças na tributação do boi vivo vendido a outros Estados. "A queda no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos atuais 7% para 3,5% poderia permitir a venda do boi em pé para outras regiões. Existem frigoríficos em São Paulo, por exemplo, que possuem o interesse em comprar bois aqui, mas a tributação inviabiliza o negócio", explica o superintendente da Acrimat.
Mato Grosso possui hoje o maior rebanho comercial do país, com cerca de 28,7 milhões de cabeças de gado. E tal número gera nos pecuaristas a esperança de que a situação do setor melhore. "Não temos dúvidas de outros grupos vão retomar a produção nestes frigoríficos desativados, mas tudo isso depende de fatores como a conjuntura do mercado". Procurado pela reportagem, o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindfrigo/MT), Luiz Antônio Freitas Martins, não atendeu aos telefonemas.
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