segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

CÉU AZUL PARA A CARNE VERMELHA: RECORDE NOMINAL DA HISTÓRIA




A pecuária Goiana e Brasileira em uma visão de curto, médio e longo prazo, escrita
por quem a vive e precisa de repostas imediatas (Edição de 15/dez/13 a 21/dez/13)

Aos recrutas que sustentam o País,

Esta missiva trás excelentes notícias… O Front está em polvorosa, um verdadeiro azáfama! Ocorre que os nossos companheiros de batalha conseguiram “abater” um dos quatro pilares mais “procurados” por nós no campo de batalhas (mercado).
Estes quatro “indivíduos” compõem a alta patente da hierarquia inimiga. Dois são “Marechais”, a mais alta patente militar, a saber: o recorde da arroba deflacionada e o recorde da carne deflacionada. E os outros dois são “Generais”, a segunda patente, a saber: o recorde da arroba nominal e o recorde da carne nominal.
O recorde da carne (carcaça casada) foi abatido nesta sexta pelos nossos valentes soldados. Em outras palavras, segundo os dados do CEPEA, o preço médio a prazo (em R$/kg) da carne com osso no mercado atacadista da Grande SP foi vendido nesta sexta pelo maior valor da história, quebrando seu recorde nominal, válido desde nov/2010. Ou seja, “nunca na história deste País” (em nome da cruz) um frigorífico vendeu carne, nominalmente falando, nos preços vigentes, segundo o levantamento do CEPEA. E vamos que vamos, aos detalhes da missiva…
1)      Como está o nosso teto (SP/MS)?
O nosso referencial, o indicador BMF da arroba de SP à vista, iniciou a semana passada em R$ 111,48 (variando de R$ 109 a R$ 115,00) e acabou em R$ 112,79 (variando de R$ 110,50 a R$ 115,00).
Se na semana passada, nossa vedete foi a alta da máxima, desta vez foi a mínima que resolveu “supitar para riba”, no mais puro “goianês arrastado”.
O rito dos negócios aponta como o preço mais comum o R$ 111av x R$ 113ap, podendo ser encontrados preços até R$ 3/@ acima da referência, no caso do boi EU. Ou seja, o maior negócio da semana foi o R$ 116/@,ap. Mas há notícias de R$116av, sob condições bem pontuais e de frigoríficos menores.
As escalas variam muito, estando entre os dias 17 (indústrias bem apertadas), enquanto outras estão no dia 31, mas a média situa-se entre 20 a 23/dez.
No MS os preços comuns mantem-se entre o R$ 105av x R$107ap, ou até R$1 acima disto, com escalas mais tranquilas, pois a grande maioria está com a próxima semana “ok”, escalando para a semana do Natal com a ajuda de um pouco de boi de pasto, que começa a entrar devagar.
Desta forma, após esta 6ª semana da alta da arroba, mantemos o status do BEEFRADAR em:“estabilidade(50%)/alta leve a moderada(50%)”.

2)      E aqui, na terra do pequi?
De modo geral, GO acompanha o “traçado do carro da frente”, o boi de SP, e “pega o vácuo”, como diria o Galvão Bueno. Os “preços balcão” estão entre o R$ 101av x R$ 103ap, podendo chegar até R$ 103av x R$ 105ap, com ágio EU de +R$1/@.
O melhor preço de GO foi o R$ 106av e as escalas estão próximas de uma semana (variando de 18 a 23dez), com boi de pasto aumentando, mas ainda bem devagar.
O diferencial de base do boi de GO (x SP) de R$ -7,50 a R$ -8 está estável, assim como o diferencial de vaca x boi de -5,5%.
Neste cenário, mantemos o status do BEEFRADAR em: “estabilidade(50%)/alta leve a moderada (50%)”.

3)      Hora do quilo (para “refrescar a cuca”)as pequenas ondas fazem grandes estragos”– para pensar, pois na vida, tudo que é constantemente “deixado de lado”, mesmo que sejam pequenos problemas (ondas), eles juntos vão fazer toda a diferença no longo prazo… Isto vale para o pessoal e o profissional, como diria o Faustão.

4)      O que diz a nossa bola de cristal?

4.1. O Natal “do peão” e “do patrão” garantidos…
Já tem indústria que confirmou não abater nos dias 23, 24, 25, 30, 31 e 01/jan… O mês de Janeiro não costuma manter preços de carne nos maiores patamares, mas esta sequência de dias sem abate pode enxugar os estoques e fazer o mês de jan/14 entrar também turbinado. E olha que o jan/14 começará só no dia 06…
Afinal de contas, achar um “cidadão que vai ralar prá valer” antes do dia 06 é igual a um cego procurar num quarto escuro um gato preto que sequer existe… Não acha nunca!!!
Hoje li a seguinte frase: “não tenho mais carne para vender”. Detalhe: foi dita por dono de frigorífico! Obs.: veja a hashtag #boigordo no twitter. Que venha o jan/14!

4.2. E dá-lhe abates…
Os dados recém-divulgados do IBGE mostram que abatemos no 3º trimestre de 2013, cerca de 10% a mais de animais do que no mesmo período de 2012, sendo o 8º trimestre consecutivo em que se registra aumento de abates de animais.
Mesmo com oferta alta, o preço foi firme pelo escoamento interno e externo da produção. Importante notar, que, de acordo com o IPCA (índice oficial de inflação do BR), no acumulado de 12 meses, o índice da carne foi de 0,58%, enquanto que a inflação beirou os 6%. Anota aí, D. Dilma… “Óia nóis sarvando” a sua pele, novamente.

4.3. Resumo do BeefSummit em poucas linhas, ao nosso ver:
- evento fenomenal. Como poderá ser superado em 2014?
- tendência firme no mercado interno para o boi, pois as tendências ruins da nossa macro-economia ainda não respingaram na micro-economia. Nunca esquecer que será um ano de eleição e de copa;
- tendência firme no mercado externo para o boi, com aumento de cerca de mais de 20% nas exportações. Isto é tido como líquido e certo;
- ciclo pecuário em movimento, iniciando retenção de matrizes em breve. Oferta poderá começar a ter volume reduzido, mas ainda sem certeza do grau da redução;
- boi firme, dado como “favas contadas” pelo mercado. CUIDADO COM A EUFORIA!;

4.4. Nova semana de recordes de preços quebrados
recorde do preço da referência da @ de 2013: dos 5 fechamentos desta semana passada, em 4 tivemos o recorde de preço da arroba do ano, que por ora, é o R$ 112,79 av, de sexta (13/dez);
recorde do preço da carne de 2013 e da HISTÓRIA DO PAÍS: atingiu R$ 7,62/kg de carcaça casada;
recorde de preço do mercado físico de 2013: também nesta sexta, dia 13/dez, houve negócios a R$ 116/@av, recorde do ano;

4.5. O preço da carne mais alto da história
Como dissemos no início, o maior preço da história deste país da carne no atacado, foi o de sexta. O valor até então recorde, o R$ 7,56/kg em nov/2010, foi batido e o novo recorde anota o valor de R$ 7,62/kg. Isto é bom, sim , lógico. Mas que fique bem claro: o recorde da carne deflacionada ainda resiste. E o recorde deflacionado é realmente o que queremos com mais “sede”.
Foi bom abater o General, mas o melhor mesmo é abater o Marechal inimigo, afinal de contas, só poderemos falar em alta após termos quebrado o recorde deflacionado. E para a carne, ele situa-se bem perto dos R$ 8,40/kg.
Nos níveis de carne atual, considerando que o frigorífico vende esta carne por um deságio aproximado de 5% frente a arroba, não é demais pensar que a indústria tem “punch” para comprar um boi de R$ 120/@ em SP. Se isto vai ocorrer, eu não sei, mas “que tem base” o cálculo, isto tem.
Da mesma forma, temos a arroba. O recorde nominal de nossa referência, o indicador av, que é de R$ 114,48 ainda resiste, mesmo que quase já de joelhos, pedindo misericórdia… Mas, o fato é que ainda resiste. E a arroba deflacionada, que é cerca de R$130 a R$ 135, nem se fala então.
Alta mesmo, só depois que derrubarmos os recordes deflacionados. O recorde nominal da @ cairá, segundo uma vidente que atende pela alcunha de BMF, em out/14.
Seria demais pensar que o recorde deflacionado da @ será quebrado em 2014? Aparentemente sim, mas que ele vai cair um dia, isto vai. Para 2014, teríamos que inverter fortemente a quantidade de abates, que vem consistentemente em alta.
Quem sabe em 2015? Que venha um céu azul, mas de brigadeiro, para a carne e para a arroba em 2014/2015! E não se esqueça, por mais que o céu seja de brigadeiro, vá fazendo as suas travas, nos momentos de alta, de pouco em pouco, pois sempre pode haver uma turbulência inesperada!!
Até o próximo, se assim Deus permitir…
Rodrigo Albuquerque
(@fazendaburitis / boicom20@gmail.com),
Trabalho feito a 4 mãos, com Ricardo Heise
(@boi_invest / r.heise@hotmail.com)

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