Dados da Farsul mostram que a pecuária tem uma margem sobre o custo operacional de R$ 63,48 por hectare, enquanto a da soja chega a R$ 1.820
Está cada vez mais difícil para o pecuarista resistir à tentação do avanço da soja no Estado, que só no último ciclo chegou a 386 mil hectares. O apelo vem dos números. Enquanto a soja está deixando uma margem sobre o custo operacional de R$ 1.820 por hectare, a pecuária, na mesma área, rende R$ 63,48, mostram dados da assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
– Não é por outra razão que estão migrando. Não podemos culpar o produtor por querer ganhar dinheiro – afirma o economista Antônio da Luz.
Com rendimento superior, a soja se torna alternativa de capitalização, inclusive para o produtor que quer se manter na pecuária. Entre as pressões no custo na produção de gado, estão a mão de obra e os serviços terceirizados. Levantamento em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em quatro municípios – Alegrete, Bagé, Lavras do Sul e Santa Maria – aponta peso de 30% no custo operacional da propriedade.
Mais do que um valor alto, é um custo em crescimento. Enquanto o valor da arroba subiu, desde 2004, 81%, o da mão de obra teve alta de 197%. O caminho para o sucesso econômico da pecuária está em equilibrar produção, custo e receita. Uma tarefa nada fácil e que tem desafiado produtores, mostram as seis edições do fórum permanente do agronegócio realizado pela Farsul, que debateram a produção de terneiros na Serra, na Fronteira, nas Missões, na Região Central e, ontem, no sul do Estado.
– Não há como defender uma pecuária ineficiente – reforça o professor José Fernando Piva Lobato, do Departamento de Zootecnia da UFRGS, em relação aos baixos índices reprodutivos do Rio Grande do Sul.
Resultados em campo mostram que é possível melhorar a qualidade da pecuária tendo a soja como parceira e não como inimiga. É uma questão de escolha do produtor.
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