Por Fabíola Gomes
SÃO PAULO, 19 Dez (Reuters) - A arroba bovina e a carne devem ser comercializadas em patamares mais elevados em 2014, com preços embalados por uma firme demanda ao mesmo tempo em que a oferta pode não ter fôlego suficiente para acompanhar o esperado crescimento, disse nesta quinta-feira a Agroconsult.
"Os preços podem ceder um pouco no começo do ano, mas depois voltam a subir e vão trabalhar em patamar mais elevado em 2014. É ano de festas, tem Copa, muitos estrangeiros, tem eleição, a demanda vai crescer", disse Maurício Nogueira, analista da Agroconsult.
Além do crescente consumo interno, o cenário também é muito favorável para um crescimento da demanda externa. Depois da forte alta deste ano, a expectativa da associação da indústria (Abiec) é que as exportações possam atingir recorde em volume e receita em 2014.
A perspectiva favorece a indústria, uma vez que a demanda aquecida permite que o setor reajuste preços e trabalhe com margens melhores, especialmente para aquelas que têm fatia importante da receita com vendas externas.
Os preços da arroba bovina atingiram no quarto trimestre patamares próximos aos recordes de 2010, e o consultor acredita que o pico ainda deve ser atingido em dezembro, dada a forte demanda interna neste fim de ano.
"A diferença de preço do frango, tradicional concorrente da carne bovina, é a menor em muito tempo no varejo, o que está estimulando o consumo de carne bovina", disse Nogueira.
O setor entrou dezembro com preços firmes em todos os elos da cadeia, apontou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em relatório esta semana.
O indicador Esalq/BM&FBovespa do boi gordo, base São Paulo, atingiu na quinta-feira 114,01 reais por arroba, perto da marca de novembro de 2010, de 114,48 reais.
RECUO TEMPORÁRIO
Com o início de período de chuvas, o pasto se recompõe, permitindo a engorda do boi no campo. Este animal deverá entrar no mercado entre fevereiro e março, pressionando as cotações da arroba no mercado interno no período.
Mas depois, explicou o consultor, a demanda forte voltará a puxar os preços. A estimativa da Agroconsult aponta um consumo médio de 42,40 kg por pessoa/ano no Brasil, contra os 41,70 kg apurados em 2013.
Em contrapartida, acrescentou, a oferta não deve crescer em ritmo equivalente, levando a uma correção dos preços ao consumidor final.
Acompanhamento da Agroconsult aponta uma redução do rebanho brasileiro em 3 milhões de cabeças, para 208 milhões de cabeças, em 2013. Em 2014, a consultoria estima ainda uma diminuição de mais 2 milhões de animais.
"A redução contribui para o aumento da oferta de carne, mas mesmo este movimento não será suficiente para atender ao crescimento da demanda", disse.
Segundo Nogueira, a diminuição de rebanho reflete os investimentos em tecnologia feitos por pecuaristas para ganhar em produtividade.
"Com melhor tecnologia, (o pecuarista) mantém a mesma produção com um rebanho menor. Isso acelera o ganho", disse.
Os abates de animais atingiram níveis recordes no terceiro trimestre, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), graças à demanda interna e externa.
Ele lembra ainda que o Brasil recuperou espaço no mercado internacional, e vai crescer ainda mais este ano.
"A Índia chegou a tomar algum espaço, mas já recuou. O país recuperou mercado e vai continuar ganhando. O Brasil continuará a ser o maior exportador global", avaliou o consultor.
fonte: © Thomson Reuters 2013
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