Com o aumento da área de agricultura na metade sul do Rio Grande do Sul, houve uma redução da área disponível para pecuária. Deste modo, para a criação de gado se manter viável economicamente, os sistemas de produção deverão se tornar mais intensivos e eficazes, ou seja, capazes de dar suporte e produzir mais quilos por hectare em um menor espaço de tempo para compensar a diminuição de área, que é uma tendência.
A pecuária está passando por um processo de “agriculturização”, e necessita mais atenção no planejamento, aumento do aporte de insumos e gestão da rotina de atividades.
Do ponto de vista alimentar, o maior problema enfrentado pela pecuária de corte quando consorciada com a agricultura, seria entre outubro e maio, que correspondem ao período de entrega de terras para agricultura e ao fim do ciclo das pastagens de inverno.
Isto promove uma drástica redução da disponibilidade forrageira, e no caso dos sistemas de ciclo completo, a situação fica ainda mais complexa, pois é o período de maior exigência nutricional das vacas com cria ao pé.
Esta propriedade, para evitar perdas produtivas e econômicas, terá de passar por uma reformulação em seu sistema de produção, abaixo estão descritas algumas ferramentas que podem ser utilizadas:
• Uso intensivo das pastagens de outono-inverno, com emprego de suplementação energética para potencializar ganho e aumentar a lotação, para no final da primavera praticamente zerar o estoque de animais.
• Utilização moderada das pastagens de outono-inverno e posteriormente optar pela realização de um confinamento economicamente viável.
• Implantação de pastagens de verão que possuam alta capacidade de suporte e boa conversão alimentar.
Porém, uma coisa é certa, terão de haver mudanças, pois segundo a Lei de Newton “dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço”.
Uma cultura que tem se mostrado interessante é o sorgo (sorghum bico), que é um cereal de origem africana. Atualmente há empresas no mercado que chegam a possuir, em seu portfólio, 28 cultivares de sorgo, com os mais distintos fins, como produção de forragens, silagens, grãos, etanol e até farinha para pessoas celíacas.
Não há dúvidas que o milho é a melhor fonte de energia para composição de dietas de bovinos, porém, há empecilhos em relação ao cultivo.
O sorgo leva algumas vantagens frente ao milho, como maior resistência às secas, melhor adaptação a solos mais pobres, janela de plantio maior, custos de implantação e manutenção menores.
Em fazendas com sistemas agrícolas intensivos, esta cultura pode auxiliar no controle de invasoras e na diluição dos custos de preparo do solo e adubação, através da inclusão desta cultura no plano de rodízio das áreas.
Durante muitos anos, o sorgo foi considerado como “a lavoura de preguiçoso” devido a pouca necessidade de cuidados. Hoje, a mesma cultura, se bem planejada dentro de um sistema de produção intensivo, ou de integração lavoura-pecuária, pode promover incrementos de produtividade e rentabilidade significativos para o sistema.
Nos próximos artigos abordaremos suas distintas utilizações como graníferos, sacarinos, forrageiros e silageiros.
Por Eduardo Castilho
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