domingo, 14 de novembro de 2010

Frigorifico JBS considera que alta do preço da carne vai continuar

O valor da carne bovina e do boi deverá continuar subindo de forma geral no mundo nos próximos anos, porque o ritmo de crescimento da produção não acompanha o do aumento da demanda, afirmou nesta sexta-feira o presidente do grupo JBS, Joesley Batista.
Segundo ele, a indústria de carnes de maneira geral tem sentido a elevação de custos, tanto na forma do preço dos animais, no caso do processamento de bovinos, como em matérias-primas como milho, para o setor de aves e suínos, mas tem tido sucesso em repassar preços.
O grupo JBS é o maior produtor e exportador de proteína animal no mundo, com faturamento anual próximo dos 30 bilhões de dólares.
"Ao longo do tempo, no médio e longo prazo, eu só posso imaginar que o preço da carne e do boi vai continuar crescendo, porque a demanda, o consumo, aumentam mais rápido do que a produção", afirmou Batista durante reunião com analistas e jornalistas para comentar os resultados trimestrais da companhia.
O JBS registrou lucro de 133,5 milhões de reais no período, queda de 11,9 por cento ante o terceiro trimestre de 2009, mas elevou fortemente a geração de caixa (Ebitda) para 1,26 bilhão de reais, ante 291,9 milhões há um ano.
Os preços do boi gordo atingiram recorde de alta no Brasil nas últimas semanas, devido ao aumento do consumo interno e um período de baixa oferta de gado.
Batista diz que a indústria de carne bovina, principalmente, é um "negócio de spread" e que pode se adaptar a valores maiores da matéria-prima.
"Eu não gosto de falar isso porque outros vão dizer que sou inflacionário, mas para a indústria, quanto mais valorizado o produto, melhor. É melhor ganhar 10 por cento sobre 100 reais do que sobre 90 reais", afirmou, referindo-se a hipotéticos valores da arroba do boi no Brasil.

MERCADOS PROMISSORES
Apesar de concordar que existem limites para os repasses de preços, ele cita o crescimento de renda nos países em desenvolvimento, que tem permitido até agora a manutenção da firme demanda por proteína animal mesmo a preços maiores, fator também citado pelo diretor de Relações com Investidores, Jeremiah O'Callaghan.
"A gente vê solidez do Brasil em conseguir elevar volumes e preços nas exportações de carne bovina mesmo em situação de oferta apertada de animais. Os volumes subiram quase 10 por cento até agora no ano e os preços mais de 20 por cento", afirmou O'Callaghan.
Segundo o diretor, o crescimento nas exportações deve continuar mais vigoroso em regiões em desenvolvimento, como África, Ásia, Rússia e nos países petroleiros.
"São áreas com grande potencial de crescimento de consumo e com pouca condição de aumentar produção. Muitos desses vão continuar bastante dependentes das importações."
O JBS tem buscado elevar seus ganhos elevando o nível de industrialização da carne e buscando maior controle na distribuição.
Atualmente a empresa entrega diretamente produtos equivalentes a 20 por cento do faturamento, e a meta é chegar a 50 por cento de distribuição direta em dois ou três anos.

ARGENTINA
Se as operações no Brasil e nos Estados Unidos estão registrando melhorias importantes, segundo Batista, o mesmo não ocorre na Argentina, onde a empresa segue enfrentando dificuldades.
Segundo o presidente do grupo, como a operação argentina tinha perfil exportador, com as restrições às vendas externas adotadas pelo governo, a estrutura foi prejudicada.
Um terço da força de trabalho no país, ou 1.500 pessoas, foi demitida e três unidades estão fechadas. A sede da operação no país foi transferida de Buenos Aires para Rosário, para reduzir custos.
"A Argentina destruiu a sua base de produção agropecuária e irá levar anos para retornar aos seus níveis históricos", disse Batista.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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