A crise global, cujo ápice ocorreu em 2008, deixou como legado profundas mudanças estruturais na pecuária de corte brasileira. A principal delas foi a redução da quantidade de frigoríficos, que se deu por meio de fusões, aquisições, arrendamentos ou encerramento das atividades.
Para determinar ou estimar esse fenômeno, a Scot Consultoria identificou a capacidade de abate brasileira e a capacidade de abate por estado. Estima-se que o parque industrial tenha capacidade para abater 62 milhões de cabeças por ano.
O Mato Grosso detém o maior parque frigorífico, com uma capacidade de abate diária de 29,1 mil cabeças. Em seguida vem São Paulo, com 26,7 mil cabeças por dia. Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais possuem uma capacidade de abate instalada próxima de 24 mil cabeças/dia.
Considerando esse cenário a Scot Consultoria realizou uma pesquisa com 150 unidades frigoríficas, que representam 53% da capacidade de abate do Brasil. Selecionou os dez maiores grupos e apuramos o nível de concentração em cada estado.
Esses grupos, à parte os que estão com as atividades totalmente paralisadas, possuem 98 unidades de abates, distribuídas por estado e expressam o quadro de concentração exposto na figura 1.
Rondônia chama a atenção. Ali, os dez maiores grupos detêm 86% da capacidade de abate instalada. No Mato Grosso, essas mesmas empresas detém 69% do mercado e no Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, sua representatividade é em torno de 45%.
Em Rondônia, os dez maiores, com nove unidades no estado, possuem capacidade de abate de cerca de 7,5 mil cabeças por dia. Considerando-se a capacidade instalada, restam 14% do mercado para os demais frigoríficos.
No Mato Grosso, estado onde o parque industrial é duas vezes maior do que o de Rondônia, os dez maiores possuem 20 unidades frigoríficas, com capacidade de abate de 20 mil animais por dia.
Esses números foram construídos com base em estimativas da Scot Consultoria e com dados de abate do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica).
Na terceira posição em grau de concentração está o Mato Grosso do Sul, onde os dez maiores grupos frigoríficos possuem metade da capacidade de abate do estado, com 12 unidades, totalizando 12,3 mil cabeças/dia. Em Goiás, eles detêm 11 unidades com capacidade de abate de 11 mil cabeças e em São Paulo, 12 unidades com capacidade de 12 mil cabeças.
No Pará, a concentração também está entre as mais fortes. Os dez maiores grupos frigoríficos possuem 42% da capacidade de abate do estado, com sete unidades.
Merece destaque a pequena concentração existente na Bahia, estado onde dois destes maiores grupos brasileiros atuam. Em Minas Gerais, os dez maiores possuem seis unidades industriais com capacidade de abate de 5,5 mil cabeças.
Efeitos sobre a crise
A nova conjuntura do setor de frigoríficos é recente, e não é possível afirmar categoricamente que as oscilações dos preços têm sido influenciadas pela nova conjuntura de concentração de frigoríficos.
Outros fatores, como a oferta de animais terminados, a estiagem prolongada, o preço dos animais para reposição e o custo de produção, também exercem pressão sobre as cotações.
Será necessário acompanhar o mercado por mais um ciclo de preços, até a estabilização do rebanho de matrizes, para comprovar os efeitos da contração de empresas frigoríficas no mercado.
FONTE: SCOT CONSULTORIA
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