Chove. Chove bem nas principais praças pecuárias brasileiras, ou seja, no Brasil Central. E os pastos estão verdes (com algumas exceções).
Já estamos em plena safra, ou seja, quando a terminação do gado na pastagem flui naturalmente, sem grandes custos com suplementação.
Historicamente, o boi alcança preços mais altos na entressafra, mesmo que na safra eles subam. É o que se observa no gráfico 1.
Olhando para o mercado futuro, percebe-se que o pessoal anda meio pessimista em relação à arroba, ou seja, a curva dos futuros quantifica uma queda para a entressafra, ou valores muito próximos em relação aos vigentes neste momento, período de safra. Observe o gráfico 2.
Mesmo com pastos melhores, não há melhora do quadro instalado e, com isso, a oferta de animais para o abate continua sistemicamente curta em grande parte das regiões pecuárias.
Isso poderia significar que os preços deveriam subir mais?
Bem, o consumidor já parece cansado dos altos preços registrados no varejo, o que acabou diminuindo um pouco o apetite pela carne bovina. Seu preço vinha contribuindo com os exageros nos índices de inflação.
Na verdade o consumo esfriou, mas não fez os preços caírem. Os motivos são a pequena oferta de animais e a alta ociosidade com que a indústria frigorífica trabalha hoje. A queda de preço das proteínas alternativas, como frango e suíno, também prejudica a competitividade da carne bovina.
Outro fato interessante é que existem boas notícias vindas do mercado internacional, especialmente da União Europeia. As vendas estão firmes e os preços em alta. Isso pode ajudar a enxugar um pouco a carne aqui dentro.
Pode-se dizer que há um delicado equilíbrio neste momento. Uma oferta maior ou uma demanda mais aquecida poderia fazer a balança pesar para um dos lados facilmente.
Mas voltando ao início do raciocínio, é período de safra e o boi está na casa dos R$102,00/@ à vista.
Olhando para os futuros, o boi para outubro de 2011 está na casa dos R$103,00/@. Se os futuros estiverem certos, a oferta de animais deverá se manter igual na entressafra ou o volume de animais confinados deverá suprir bem a demanda da indústria.
Será que as apostas para o mercado futuro estão certas? O preço do boi magro deverá cair de maneira considerável para estimular o confinador substancialmente? Além dos preços do boi, os custos das dietas estão atrativos para um substancial aumento no número de animais confinados? O consumo dá sinais de queda? As exportações deverão remunerar menos em 2011?
O desfecho do comportamento do mercado será conhecido apenas no decorrer do segundo semestre. No entanto, as decisões para contratos de hedge, planejamento da produção ou apostas no mercado futuro deverão, necessariamente, pesar todas as variáveis descritas anteriormente.
Analisando de acordo com o comportamento do produtor, cujas decisões se baseiam em parâmetros conhecidos, o preço de R$103,00 para outubro não parece lá muito animador.
FONTE: www.agroblog.com.br - Autor Lygia Pimentel
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