Sobram expectativas para que o movimento se reflita no varejo
Após meses em ascensão, a arroba do boi gordo iniciou sua trajetória de queda, em Mato Grosso, sinalizando carne a preços mais acessíveis para o consumidor. Nos últimos meses, aliás, o consumidor foi obrigado a conviver com preços exorbitantes por conta das abruptas altas sobre a arroba do boi gordo, justificadas pela estiagem prolongada do ano passado e pela escassez de animais prontos para abate. Agora, o consumidor terá a oportunidade de comprar carne mais barata, devido ao movimento de queda nos preços, pressionada pelo aumento das escalas de abate nos frigoríficos e pela maior oferta de boi gordo.
Mesmo com o movimento de queda em curso, o mercado alerta que a “janela” da temporada é curta, devendo ser encerrada já em meados de junho, momento em que o pecuarista deve se desfazer do boi gordo para dar início ao confinamento, modalidade que abre o período de entressafra da pecuária bovina.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a manutenção da escala de abate perto dos seis dias de média indica que a oferta de animais prontos para o abate melhorou, “fazendo com que alguns frigoríficos ficassem fora das compras em dias pontuais. Os descartes acentuados de fêmeas e a evolução nas entregas do boi gordo criado a pasto, devido ao fim das chuvas e à queda da temperatura na primeira semana do mês, aumentaram a disponibilidade de animais no mercado”.
O impacto imediato foi a queda da arroba do boi para o pecuarista, que recuou de R$ 90, no final de abril, para R$ 88,87/arroba, na última sexta-feira. No dia 11, a arroba do boi gordo atingiu a sua menor cotação do ano, R$ 88,58/arroba. A diferença entre este valor e a máxima do ano é de 6%.
Desde novembro de 2010, quando a arroba atingiu um novo pico desde 2003, a cotação mínima foi de R$ 88,27/arroba, no dia 12 de dezembro, portanto, a cotação atual ainda está acima da resistência observada nesse período. “Todavia, se a escala de abate continuar aos mesmos níveis, o preço da arroba pode alcançar cotações menores do que as vistas em dezembro passado”, avaliam os analistas.
QUEDA – De acordo com o diretor executivo da Associação dos Proprietários Rurais (APR), Paulo Resende, a tendência é de que os preços continuem em queda em função do aumento do estoque de animais gordos. “Quem tem boi gordo está desovando e, com isso, o frigorífico acaba tendo mais opções de compra e pagando menos”, afirma, acreditando que este movimento deve prevalecer até a segunda quinzena de junho. “O pecuarista precisa zerar o estoque de animais prontos para abate e iniciar a temporada de confinamento do rebanho. Continuar com o boi gordo no pasto pode significar prejuízo para ele”, observa.
Analisando a média móvel dos cinco dias para a escala de abate, o Imea verifica que os preços da arroba do boi gordo encerraram a semana cotados a R$ 88,80/arroba. Isto logo após uma baixa a partir do dia 9, quando a arroba esteve cotada a R$ 90,48/arroba, queda de 2% no período verificado e 2,7% em comparação com duas semanas atrás. “Já a escala de abate dos frigoríficos, após uma alta entre os dias 27 de abril e 6 de março, começou a cair até chegar à última sexta-feira, encerrando em cerca de seis dias de média. A desvalorização da arroba do boi gordo e a queda da escala se mantiveram paralelamente, contrariando a lógica de mercado”.
Sem alteração no cenário do mercado desde o final de abril, a cotação do contrato futuro do boi gordo para vencimento em maio obteve novo recuo na semana passada, fechando o pregão da última sexta-feira a R$ 98,15/arroba. Quando se compara este valor com o dia 18 de abril, se verifica uma queda de R$ 4,89/arroba, ou seja, em menos de um mês a cotação se desvalorizou cerca de 5%. A diferença desta cotação no mercado futuro com a cotação no mercado físico está negativa em R$ 2,57/arroba, indicando novos recuos.
FONTE: Diário de Cuiabá
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