Na última semana foram registradas quedas em boa parte das praças pecuárias brasileiras. Depois de muito enrolar, demorar, ameaçar aparecer… a safra chegou definitivamente. A sazonalidade não deixou de falar mais alto desta vez, apesar de a oferta de animais ser historicamente pequena.
Esse aumento da oferta de animais, mesmo que em pequena intensidade para uma safra, foi somado ao fraco consumo de carne bovina e tirou o suporte do mercado do boi gordo, que chegou a ser cotado abaixo dos R$100,00/@ à vista.
Para completar o cenário de pressão, o primeiro levantamento da Associação Nacional dos Confinadores, a Assocon, aponta crescimento de 31% para o volume de animais confinados, crescimento bem mais otimista do que o apontado pela opinião do mercado ou por pesquisas paralelas.
De acordo com a Bigma Consultoria, a comparação acumulada de 2011, entre preços e custos de produção, ainda indica margens equivalentes às de 2010 para a pecuária de corte, ou seja, a atividade ainda recompensa. A análise considera fazendas de ciclo completo para calcular o indicador. Entretanto, se a projeção de aumento dos custos se confirmar, essa relação pode piorar a margem do produtor.
Todos esses indicadores criam um cenário de grande indecisão para o mercado, que se assusta com a queda da safra, mas ainda acredita que a oferta de animais para a entressafra será curta.
A psicologia do mercado nos diz, entretanto, que quando muita gente chega à mesma conclusão sobre o caminho dos preços de determinado ativo, a expectativa criada torna-se um perigoso sentimento para o investidor/especulador. Aliás, um dos mandamentos para quem negocia diz que “esperança, medo e confiança demais são os piores inimigos do investidor”. Quero dizer com isso que o ideal é fugir do pensamento comum, pois caso muitos produtores acreditarem que o segundo semestre será de pouca oferta, pode ser que essa oferta, no fim das contas, aumente, pois compensará produzir animais confinados.
Da mesma forma ocorre agora, que o mercado registrou queda e aparecem opiniões negativas de todos os lados, opiniões que muitas vezes esquecem que esse comportamento nada mais é do que normal para o período em que estamos.
Na verdade, o consumidor sentiu o impacto da inflação e medidas contracionistas não estimulam o consumo, então mesmo que em caso de pequena oferta de animais no segundo semestre, questiona-se se o varejo seria capaz de absorver novamente esta alta. E se o levantamento da Assocon tornar-se realidade, a pressão altista poderá ser abafada.
De toda forma, o primeiro levantamento historicamente é muito otimista ou muito pessimista em relação à realidade que encontramos nos meses seguintes, portanto o mercado pode nos surpreender. Mas a sazonalidade se faz sentir em grande parte das entressafras, portanto, esteja atento, sem necessariamente esperar uma explosão de preços.
FONTE: www.agroblog.com.br / autor Lygia Pimentel
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