Rogério Goulart
Reprodução permitida desde que citada a fonte
Pois é, caro leitor. Realmente foi um dia especial. Especial e inesquecível. Meu filho nasceu! Bem-vindo ao mundo, Rodrigo Florêncio Bonito Leal Goulart!
Daí você já viu, né? Não deu para escrever nada nesse dia. Estou escrevendo hoje, no domingo.
Aonde deixamos o mercado na semana passada?
O mercado físico estava querendo enfraquecer, os contratos futuros desabaram e a apreensão sobre o frio no Mato Grosso do Sul se tornando cada dia mais assombrosa. Mas o que aconteceu, de fato, com os mercados nessa semana?
Parece que conseguiram comprar um pouco mais de boi e vacas na semana.
Na última semana as escalas em São Paulo fecharam entre três e quatro dias de animais comprados. Essa alta começou já no final de abril, mas convenhamos...está muito igual ao que vem ocorrendo desde o início do ano.
O problema não é, na minha visão, o boi em si. Claro, a oferta aumentou marginalmente. Mas o atacado enfraqueceu também.
Está certo que, com o aumento no abate de animais (semana passada, segundo um frigorífico me disse, foi a semana mais ofertada do ano) isso daí gera um efeito de aumento na oferta de carne na semana seguinte.
Mas a oferta de animais vem se mantendo restrita pelos pecuaristas ou por opção dos frigoríficos porque o atacado também não está permitindo, atualmente, repasses para cima nos preços.
Não sei se foi efeito atrasado em virtude do aumento temporário dos combustíveis, que enfraqueceu o consumo no curto-prazo, mas o que temos de real mesmo para justificar essa queda foi a queda da carne no atacado.
Posso estar menosprezando esse movimento do curto-prazo como temporário, olhando para ele com um certo distanciamento, mas o mercado futuro também está com um olhar em cima disso daí, mas com um olhar o inverso do meu... está olhando para isso daí com uma lente de microscópio e aumentando muito o efeito da coisa toda para o restante do ano.
Sabemos que a pressão baixista, mesmo sem ainda mostrar de fato uma queda forte para a arroba, está influenciando o mercado.
Até mesmo operadores experientes estão começando a se questionar se a entressafra será ou, mais ainda, terá qualquer tipo de alta. Escutei isso essa semana. Me chamou a atenção.
É claro que a ideia aqui não é peitar o mercado, mas estarmos bem alertas para as oportunidades que ele deixa aparecer, caro leitor.
Deixe-me te dizer somente uma oportunidade, mas primeiro, deixe-me colocar o gráfico da curva dos futuros, abaixo. É o mesmo da semana passada, como você pode ver, só que atualizado com os fechamentos dessa sexta-feira. Esses preços estão arredondados e já livres de impostos.
O que a gente tem é o seguinte — preços IGUAIS até o fim-de-ano. O mercado está dizendo que sim, agora em maio teremos uma quedinha de quatro reais (semana passada era de três reais de queda) mas depois disso os preços vão se recuperar aos poucos para o que temos hoje.
Analise os preços futuros, descontando a inflação. Você terá a real oscilação da arroba no período. Ou seja, na realidade o mercado está esperando um ano de baixa para a arroba, isso em pleno ano de retenção (ainda) de matrizes e volta da alta no bezerro.
Pode acontecer? Claro que sim, mas será inédito um movimento desses nessas duas décadas de plano real.
Se eu fosse um frigorífico, essa situação me faria sorrir. Será a primeira vez na história dos mercados futuros que o hedge de compra parece, de alguma forma, fazer sentido.
Com esses preços dos contratos futuros para a entressafra o pecuarista consegue comprar na bolsa boi magro para o segundo semestre com um desconto, em média, de 50 reais sobre o preço do boi magro de hoje.
Isso, caro leitor, é dificílimo de ocorrer na bolsa, quero dizer, os contratos estarem precificando uma arroba que, mesmo que não esteja a melhor do mundo para o boi gordo, está muito boa para se fazer reposição.
Entendeu? Não se preocupe. O que quero dizer é que se você tiver que comprar boi magro no segundo semestre, comprar eles hoje na bolsa (utilizando os contratos da entressafra) te dará um preço de animal uns 50 reais mais barato do que você conseguiria comprar hoje dos recriadores. Todos esses valores estão descontados a inflação.
Se a bolsa cair mais ainda, ficará melhor. O que estou dizendo é potencialmente a oportunidade de comprar os animais para a entressafra de 2012 tudo agora, aproveitando a janela da pressão de baixa momentânea que está ocorrendo com os contratos futuros da entressafra, que a bolsa está dando, tendo em vista a distorção atual da precificação da entressafra sobre o que ocorreu de fato com os preços históricos.
O início dessa conversa foi na semana passada.
Nada disso que estou dizendo é minha opinião. Estou só dizendo, ou melhor, traduzindo o que os números históricos dos preços da pecuária nos dizem. Opinião seria dizer que a bolsa irá subir ou vai cair. Isso, eu não sei.
O pessoal do Twitter é engraçado. Cada dia que o preços cai, as conversas vão minguando e os tweets altistas vão desaparecendo. É o caso clássico do axioma de Wall Street: “Markets make Opinions”?
Não sei o porquê. Deveria ser ao contrário, como nos ensinou Benjamin Graham, em seu livro “O Investidor Inteligente”.
Cada dia que a arroba cai é mais um pouco de pressão acumulada para fazer ela subir novamente, como uma mola sendo tencionada.
Uma hora a mola se solta. É assim que o boi funciona. Pelo menos é assim que, nesses últimos 20 anos que acompanho o boi, vi ele funcionar. Cada dia que ela cai, é um dia para ficar mais otimista.
Ou, por outro lado, não me leve muito à sério essa semana, caro leitor. Meu filho nasceu! Por causa disso, então vai ver que posso estar mais otimista que o costume atualmente...
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Fonte: Carta Pecuária
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