A BRF-Brasil Foods apresentou lucro líquido de R$ 383 milhões no primeiro trimestre deste ano, um crescimento de 527% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida da empresa aumentou 19% na mesma comparação, para R$ 6 bilhões.
A continuidade da captura de sinergias nas operações autorizadas pelo Cade contribuíram para a melhora dos resultados, segundo a companhia, além de acerto na estratégia de aquisição de insumos, melhoria na gestão de custos e da performance no mercado externo.
Com alta de 18%, as vendas ao mercado externo representaram cerca de 40% das receitas da empresa no período. Os negócios da empresa no Brasil também cresceram. O avanço de 20% foi puxado pelos segmentos de processados e carnes.
As exportações, embora representem uma parcela relativamente menor do total, foram fundamentais para os resultados da companhia, disse o presidente da BRF, Jose Antonio Fay. "O mercado externo foi o grande agente de melhoria de resultado quando a gente compara trimestre com trimestre", disse Fay.
Segundo ele, havia excesso de oferta no mercado internacional em 2010. "Entramos com estoques altos e isso sempre atrapalha um pouco, ao contrário de 2011. Os mercados emergentes puxaram muito produto e isso regularizou os estoques globais, e hoje no mundo não há grandes estoques de carnes", afirmou o presidente. Fay afirmou ainda que a empresa se beneficiou da estratégia de estar com bons estoques de matérias-primas, compradas antes da alta expressiva dos preços. Com a alta global dos preços dos insumos, como milho e farelo de soja, a companhia elevou seus preços, ganhando margem.
No mercado interno, onde os preços dos produtos da BRF subiram 6,8%, a empresa também conseguiu tirar proveito da estratégia de aquisição de insumos. Aliás, a BRF afirmou que se beneficiou do fato de ter sido autorizada a comprar matérias-primas em parceria com a Sadia, além das capturas de sinergias nas áreas autorizadas pelo Cade.
"O mercado interno performou bem. Com o enriquecimento da população brasileira, a gente captura com um portfólio forte, e a performance confirma que o Brasil está vivendo um bom momento", acrescentou Fay.
Os executivos da companhia afirmaram que mantêm a cautela nos investimentos, ainda no aguardo da aprovação da compra da Sadia pelo Cade, e assim o caixa se manteve robusto em R$ 3,5 bilhões ao final de março, praticamente estável em relação a dezembro. "O nosso caixa está saudável, a alavancagem baixa, de 1,3x. Temos uma operação robusta porque temos investido menos. Investimos 280 milhões (de reais), é forte, mas para o nosso padrão é baixo. Estamos contingenciando os investimentos esperando uma definição do Cade para entender o que vai se passar," disse Fay.
O investimento feito no trimestre representa somente cerca de 10% do que a companhia prevê investir no ano. Segundo Fay, o Cade informou anteriormente que deve julgar a aquisição da Sadia ate o final do primeiro semestre. "Eu continuo na crença de que o Cade pode aprovar, acho que poderia aprovar sem restrições. Difícil trabalhar na hipótese (de vender uma das duas marcas), seria um remédio excessivamente amargo pra gente tomar," disse sobre uma das alternativas sugeridas para a aprovação do negócio.
Fay afirmou, durante a divulgação dos resultados, que a companhia está pronta para negociar e que há várias soluções possíveis, mas que não existe ainda uma proposta na mesa. "Precisamos primeiro identificar a doença, para que o remédio possa ser aplicado, e não estamos ainda em uma fase em que houve diagnóstico."
FONTE: Folha de S.Paulo, jornal O Estado de S.Paulo e Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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