quinta-feira, 21 de julho de 2011

Abiec espera abrir novos mercados internacionais para carne ainda em 2011

Estados Unidos, Indonésia e Turquia são alvos importantes
O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Fernando Sampaio, informou, em entrevista, que a entidade está na expectativa para a abertura de novos mercados à carne bovina brasileira ainda em 2011, caso dos Estados Unidos, para produtos in natura.

– Esperamos que até o final do ano os norte-americanos cumpram o acordo estabelecido com o país no acordo do algodão na OMC, encerrando o processo de consulta pública que viabilize a liberação de 14 Estados brasileiros para a exportação de carne bovina in natura – afirma.

No que tange à venda de carne industrializada para os Estados Unidos, retomada em dezembro do ano passado, após longa negociação no qual o Brasil apresentou garantias de um produto livre de contaminação por Ivemerctina, ao estabelecer um plano de controle de resíduos, Sampaio admite dificuldades na retomada dos negócios no mesmo ritmo de antes.

– As inúmeras análises a mais que passaram a ser feitas para certificar a qualidade da carne brasileira tornaram nosso produto muito caro para os norte-americanos, que passaram a importar menos, buscando outros fornecedores para ocupar o espaço deixado pelo Brasil, como Argentina e Uruguai – comenta.

De acordo com Sampaio, a Abiec está procurando negociar com os norte-americanos uma reavaliação no número de análises visando retomar vendas em maiores quantidades.
Associação está em tratativas com a Indonésia
Por outro lado, o dirigente informa que a Abiec está em tratativas com a Indonésia, na tentativa de uma retomada das vendas de carne bovina, atualmente interrompidas. Sampaio lembra que em 2009 a Indonésia já importava carne bovina do Brasil, reconhecendo o processo de regionalização da produção nacional, mas deixou de comprar por conta de uma pressão da Austrália, o principal fornecedor do produto a este mercado.

– Os australianos passam por uma crise de abastecimento e os indonésios já sinalizaram que estão em busca de outros fornecedores para atender seu mercado, o que abre uma possibilidade ao Brasil – aponta.

Outro mercado ao qual o Brasil está atento é a Turquia, que importa muita carne com osso, tendo como principais fornecedores os países europeus.

– Hoje as vendas a esse mercado ainda não são possíveis devido ao alto custo, já que o Brasil necessitaria fazer testes em todas as carcaças para a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), popularmente conhecida como Mal da Vaca Louca, para poder exportar – explica.

Isso vem ocorrendo depois que a Organização Mundial de Saúde Animal, em maio último, voltou a classificar o Brasil como um país de risco 2 para a BSE, mesmo sem nunca ter registrado nenhum caso da doença. A alegação é de que o sistema de rastreabilidade brasileiro ainda apresenta algumas lacunas nas informações, por não abranger 100% do rebanho importado há 20 anos, podendo manter o risco de "contaminação cruzada". O uso de "cama de frango" na alimentação animal, insuficiência no processo de esterilização da farinha de carne, também foram apontados como fatores para a decisão, além de interesses políticos.

Embargo russo não teve grande efeito para o setor de carne bovina
No caso do embargo russo às carnes brasileiras, iniciado em 15 de junho último, Sampaio afirma que não houve problemas para o setor de bovinocultura.

– O impacto foi sentido apenas nos estados afetados. Mesmo assim, como em outros estados haviam 41 plantas aptas a vender os efeitos não foram grandes para o setor, tanto que o setor fechou o semestre com incremento de 3% nas exportações a esse destino – salienta.

Conforme Sampaio, os setores mais impactados foram o de frango e suíno.

– De todo modo, estamos otimistas de que os russos possam colocar fim à
interrupção das compras até o final de julho, conforme antecipou o Ministério da Agricultura na semana passada – conclui.

AGÊNCIA SAFRAS

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