Sorgo, trigo e arroz são as opções para diversos estados que pretendem retirar o milho da ração animal, dado o alto preço. Santa Catarina não vê saída imediata
Com a alta no preço do milho no mercado brasileiro, os produtores de carnes de todas as regiões já usam outros produtos como arroz, trigo e sorgo em baixa escala e fazem cálculos para substituir o cereal por esses grãos. Em Goiás essa prática já é bastante difundida, até porque o estado é o maior produtor de sorgo do País. O mesmo deve acontecer no Rio Grande do Sul, que ainda discute com o governo federal um plano estratégico para o uso do arroz, que no momento não compensa. Já em Santa Catarina a situação é mais complicada, já que a maior região produtora de suínos e aves fica distante dos produtores de arroz e trigo, restando ao estado o custo de produção mais alto do País.
Após o setor de suínos e aves do Rio Grande do Sul demonstrarem interesse no uso do arroz em substituição ao milho na ração animal, o preço do produto começou a se elevar. Segundo o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, o arroz com casca no estado está em média R$ 23 a saca de 50 quilos, contra os R$ 29 da saca de 60 quilos do milho. "Na verdade, precisamos ver essa equalização proposta pelo pessoal do arroz, e essas tratativas junto ao governo, porque hoje fica inviável usá-lo, do jeito que está. Se o produtor for adquirir o arroz para substituir o milho na ração ele irá falir, mesmo com o preço do milho nesse patamar de hoje".
Nem com a alta no preço do suíno, que chegou a R$ 2,40 o quilo, os ganhos de produção por conta do milho são maiores, e estão na casa dos R$ 2,60. Folador comentou que não é só aumentar o preço do animal ou criar uma alternativa para a alimentação. É preciso que o governo intervenha junto a cadeia do arroz para resolver tanto o problema deles de excesso de produção, quanto da cadeia de carnes. "Precisamos de uma intervenção imediata do governo com esse programa em conjunto com os arrozeiros, para resolver o problema deles, e assim viabilizar preços justos para as cadeias de suínos e aves", defendeu o presidente da Acsurs.Em Goiás a situação é um pouco mais amena, dada a grande produção de sorgo do estado. Este ano a safra da oleoginosa chegará a 800 mil toneladas, contra as 600 mil toneladas de 2010. Já os preços, a média de junho foi de R$ 23,55 a saca de milho, contra os R$ 18,07 da saca de sorgo. No mesmo período do ano passado, o milho estava cotado a R$ 13,39 e o sorgo a R$ 10,25 a saca. "Os custos têm aumentado bastante por causa do milho, e com isso os produtores optaram pelo sorgo. Todos aqui já usam e preferem, dado a nossa produção que é a maior do País, e os preços são muito bons", considerou o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, Leonardo Machado.
Com o título de segundo maior produtor de sorgo do País, com 360 mil toneladas, o estado de Minas Gerais, também vê no sorgo a alternativa mais viável para substituir o milho. Segundo o presidente da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais(Asemg), João Bosco Martins de Abreu, boa parte do produtores do setor já optam pelo sorgo, dado a qualidade nutritiva e o custo.
No Paraná essa alternativa de troca do milho por trigo ou arroz ainda é vista com bastante cautela pelos produtores. Para Paulo César Dias, analista de mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o milho e o farelo de soja ainda são os principais insumos usados em suas produções, e pode até ser que um ou outro produtor faça essa escolha momentaneamente, entretanto a troca total é mais difícil.
Sem Saída
Entre todos os estados, Santa Catarina possui o maior valor de produção de suínos, com R$ 2,65, e com o preço de venda na casa dos R$ 2,55. O maior problema, destacou Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), é que o estado não possui alternativas para substituir o milho. "Aqui na região oeste de Santa Catarina não temos uma segunda opção, nós temos que usar milho. Com isso nossos custos são os mais altos. Se bobear daremos a espiga para os suínos irem almoçar no restaurante", brincou ele.
FONTE: DCI - Diário do Comércio & Indústria
Autor: Daniel Popov
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