quinta-feira, 21 de julho de 2011

Pratini de Moraes: o mundo está esperando que nós produzamos mais carnes

O ex-ministro da Agricultura e membro do conselho de administração do JBS, Marcus Vinícius Partini de Moraes, foi um dos palestrantes do Congresso Internacional da Carne, realizado em Campo Grande/MS, no último mês junho. Ele iniciou sua apresentação dizendo que o mundo está esperando que nós produzamos mais carnes. "O nosso desafio como produtores é duplicar nossa produção para atender a demanda mundial. Temos sol, água, terra, tecnologia e competência empresarial para desenvolver o agronegócio brasileiro".

Segundo Pratini de Moraes, o Brasil está e vai continuar crescendo e isso só acontece porque o Agronegócio está crescendo. "O Agronegócio é o responsável pelo superávit da balança comercial e o futuro é do Brasil e do Agronegócio".

Ainda falando sobre o potencial de aumento de produção do nosso país, ele comentou que em 3 safras (2000 a 2003) a nossa produção agrícola cresceu mais de 47%, saindo de 83 para 122 milhões de toneladas de grãos, enquanto isso a área plantada aumentou apenas em 5 milhões de hectares.



"Nos últimos anos, a produção não cresceu em novas áreas, mais sim através de ganhos de produtividade e os responsáveis por este incremento são os institutos de pesquisa que tem disponibilizado mais tecnologia para a produção, aos produtores que têm adotado técnicas como o plantio direto e políticas agrícolas acertadas (ex. Moderfrota)".

"Ainda temos que melhorar em questões como o seguro rural e financiamento para estocagem com juros adequados, mas continuamos crescendo", completou.

Somos o país que menos planta em relação à área total, utilizando apenas 8,2% dessa área para a agricultura, diferente de muitos discursos que escutamos, onde se prega que o Brasil planta soja e faz pecuárias na floresta Amazônia. "Isso não é verdade e as áreas onde se poderia produzir na amazônia são escassas e todos os investimentos feitos na Amazônia, precisam ser feitos com muito critério e respeitando as exigências agronômicas. Na Amazônia não cabe outro tipo de produção que não seja o sustentável, mas não podemos aceitar a visão dos estudantes e pesquisadores do MIT - centro de pesquisa norte americano - que acreditam que o Brasil deve ser um depósito de madeira e precisa parar de competir com o EUA em grãos e carnes".

Ao falar sobre sustentabilidade, o ex-ministro afirmou que está havendo um certo exagero nesse debate. "No Pará, por exemplo, o embargo aos frigoríficos acabou causando novos problemas. O pecuarista que está ilegal ao invés de negociar com a indústria, precisa vender seus animais para um atravessador e isso tem aumentado o abate clandestino. Depois ele precisa derrubar ainda mais floresta para fazer carvão e conseguir dinheiro".



Se olharmos esses dados e compararmos com outros países podemos ter a dimensão do potencial brasileiro para produzir alimentos. Os EUA utiliza bastante área para a agricultura, mas tem sérios problemas com abastecimento de água em algumas regiões. A Rússia enfrenta problemas relacionados às condições climáticas. A China tem os dois problemas e ainda precisa reduzir a área plantada para abrigar a expansão das cidades. "Já o Brasil ainda tem muito espaço para produzir e é isso que tanto chama a atenção do mundo".



Pratini de Moraes lembrou que a produção de carne deve dobrar nos próximos 40 anos e a produção de leite e ovos também deve crescer, ressaltando que o aumento de renda da população é que altera substancialmente o mercado, forçando o crescimento da produção e o comércio internacional de alimentos. "Com o aumento da renda, o sujeito vai primeiro melhorar sua alimentação e alguém precisa produzir este alimento, o que só se faz com o aumento da produtividade e da renda no campo".



Segundo o palestrante a reforma agrária não resolve o problema da produção, pois todos os países que fizeram reforma agrária viraram importadores de alimentos. "Reforma agrária não é uma questão econômica, mas sim ideológica e é usada pelos Governos para ganhar votos". Ele comentou que na maioria das vezes os assentados não sabem produzir, então desmatam, vendem a madeira e não conseguem desenvolver a atividade". O ex ministro afirmou ainda que o avanço econômico não acontece por milagre, mas sim como consequência de mudanças culturais, impulsionadas por uma reforma concreta da educação.

Voltando ao mercado da carne, Pratini comentou que tanto nos países ricos quanto nos emergentes a demanda por carnes deve continuar crescendo.



"As vezes temos problemas como o caso das restrições impostas pela Rússia, mas temos que aprender a lutar contra isso, pois já nos tornamos muito grandes nesse mercado e isso incomoda os concorrentes".

Para o ex ministro temos que aprender o jogo do mercado internacional. "Cartel só é proibido no mercado doméstico, temos que combinar o preço no mercado internacional e reduzir a concorrência entre as empresas nacionais". Ele ainda avaliou que o nosso mercado interno é nosso trunfo. "Um mercado interno forte é garantia de um setor forte".

Segundo Pratini de Moraes para garantir o desenvolvimento do Agronegócio brasileiro, "precisamos melhorar nosso marketing. Temos que valorizar nossos produtos".

Ao final da apresentação ele elencou alguns desafios que devem ser encarados e trabalhados pelo setor nos próximos anos: Sustentabilidade, Rastreabilidade, Saúde animal, Produtividade e tecnologia, Condições de trabalho, Protecionismo, Barreiras sanitárias, Logística, Negociações bilaterais e Taxa de câmbio.

Nenhum comentário: