terça-feira, 19 de julho de 2011

Brasil abre mercado de carnes na Malásia

O governo da Malásia autorizou as exportações de carne bovina e de peru brasileira. Inicialmente, serão dois frigoríficos habilitados a embarcar carne bovina e uma indústria apta a comercializar peru. A decisão das autoridades malaias é resultado de missão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento realizada em junho à Malásia, Indonésia e Japão. A liberação, anunciada no final da semana passada, faz parte da estratégia do governo do Brasil de ampliar os mercados para a carne nacional, especialmente, em países asiáticos.

Outro resultado da missão é a autorização pela Indonésia para o ingresso de carne de pato e de peru no país. Além disso, no próximo mês, uma equipe de técnicos japoneses virá ao Brasil para visitar frigoríficos de carne suína. A vinda da missão é a última etapa necessária para o início dos embarques do produto nacional ao país asiático.

Desde o início do ano, representantes da Pasta, por determinação do ministro Wagner Rossi, têm cumprido uma extensa agenda de visitas a países para avançar em negociações que resultem na abertura de mercado para carne nacional. As missões já conseguiram a liberação das exportações de carne suína para a China, em abril, e na África do Sul, em junho. Faltam apenas trâmites burocráticos para dar início ao fluxo comercial.

De acordo com o diretor de Assuntos Sanitários e Fitossanitários do Ministério da Agricultura, Otávio Cançado, do ponto de vista sanitário, todos os frigoríficos de aves foram aprovados pelas autoridades da Malásia durante as inspeções realizadas em fevereiro deste ano.

- As restrições agora são somente quanto aos requisitos religiosos específicos da Malásia para abate halal. Em setembro, técnicos do país virão ao Brasil para dar o treinamento e adequar o abate para possibilitar as exportações de aves ao país. Serão treinados funcionários de 30 granjas - explica Cançad.

Na Indonésia, o Brasil conseguiu autorização para a exportação de carne de pato e de peru, abatidos pelo método halal. A Indonésia, que tem cerca de 245 milhões de habitantes é um dos maiores mercados consumidores de aves do mundo.

Sobre a visita japonesa, Cançado afirma que a missão irá inspecionar quesitos de saúde animal e de saúde pública em frigoríficos de Santa Catarina e também nas fronteiras e aeroportos da região. Os técnicos japoneses também farão uma visita ao Laboratório Nacional Agropecuário do Pará (Lanagro/PA) que realiza o isolamento do vírus da febre aftosa. Segundo Cançado, a missão japonesa é fruto de uma negociação de mais de 10 anos.

O próximo passo, segundo Otávio Cançado, será investir nos mercados da América Central e México, ainda fechados para o Brasil.

- A agenda para estas visitas ainda está sendo definida, mas deve estar fechada já no próximo mês - conclui.

O Abate halal é praticado pelos islâmicos e envolve princípios tais como o bem-estar animal e as questões sanitárias. O ritual de abate do boi ou do frango deve ser feito apenas pela degola, para garantir a morte instantânea do animal. Todos os procedimentos com o abate devem ser realizados por um muçulmano praticante, em geral árabe, treinado especificamente para essa função.

A certificação do produto halal, que hoje alcança mercados no Oriente Médio, África e Ásia, é feita há mais de 30 anos por empresas especializadas. Em todo o mundo, o mercado halal é estimado em mais de US$ 400 bilhões, com crescimento de 15% ao ano.

O Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura não atua em certificações de cunho religioso. No entanto, todo estabelecimento, independentemente do tipo de abate realizado, conta com fiscais que examinam as áreas dos matadouros e frigoríficos e verificam o cumprimento de programas relativos à higiene, à documentação do estabelecimento e às condições de saúde do animal.

FONTE: MONITOR MERCANTIL DIGITAL

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