Hoje pretendo fazer uma breve revisão de um trabalho muito interessante que tive a oportunidade de estudar. Este trabalho, apresentado pela equipe do FMI (Fundo Monetário Internacional), mostra o efeito dos movimentos dos preços das commodities sobre os países que são importantes exportadores destas.
Através deste estudo, o FMI mostra que os efeitos de choques de demanda são mais relevantes para o crescimento dos países exportadores, do que os choques de produção.
O primeiro ponto interessante, demonstrado na Figura 1, é a participação das exportações de commodities nas exportações totais do país. Nela podemos observar a importância das commodities para os países emergentes e, começarmos a nos perguntar: Qual seria a importância das oscilações dos preços das mesmas para o crescimento destes países?
Figura 1 – Participação das exportações de Commodities nas Exportações Totais.
Alguns destes países têm mais de 50% das suas receitas de exportações provenientes das commodities. O Brasil possui entre 20 e 30% das suas receitas de exportações, relacionadas às commodities.
O segundo ponto interessante desse trabalho, é que os alimentos são muito menos voláteis que as commodities energéticas e metálicas. A Figura 2 nos mostra que a oscilação de preço destas últimas, é muito maior que a de alimentos e matérias primas.
Outro ponto, é que de 1980 a 2000, as commodities mundiais sofreram reduções de preços e, a partir de 2000, houve uma mudança nesta tendência, sendo muito mais relevante para as commodities energéticas e metálicas.
Figura 2 – Preços das commodities do mundo, 1970-2011
No último Gráfico, Figura 3, os autores focam em algumas commodities para representar os seus grupos: petróleo (energia), cobre (metais), café (alimentos) e algodão (matéria prima). A partir destas, eles demonstram os efeitos de choques de produção e de demanda, sobre o crescimento dos países que possuem suas matrizes de exportações focadas em cada uma destas commodities. Com isso, observa-se que os choques de demanda, provocaram efeitos maiores de crescimento para todas as commodities. Já os choques de produção apresentaram efeitos diferentes sobre as commodities estudadas.
Figura 3. Efeito dos choques nos mercados de commodities sobre o Produto Real dos países Exportadores.
O lado interessante deste trabalho e que vem de encontro com os que tenho defendido neste blog, é que no Brasil, damos muita ênfase ao lado da oferta (ciclos pecuários, oferta de confinamentos, etc..) e temos poucos trabalhos avaliando a demanda de carnes. Nos últimos anos (desde 2009), temos enfrentado crises mundiais, e mesmo com oferta reduzida em relação aos anos de 2002 a 2007, as reações de preços não foram tão significativas como nos anos de forte demanda global (2007, 2008 e 2010).
O Trabalho vem de encontro com algumas das minhas publicações neste blog e com o que temos apresentado em nossos seminários, vide os trabalhos abaixo:
A mudança no foco das análises, a melhor interpretação desse complexo sistema de oferta/demanda e a antecipação destes movimentos de mercado, permite aos elos das cadeias estruturem melhor suas estratégias de produção e de comercialização.
Aqui encerro este artigo e aproveito para convidá-los para o Seminário do Mercado do Boi Gordo em 2012 no Dia 17 de Julho. Nele iremos debater e revisar os principais fundamentos que estão afetando e irão afetar o Mercado do Boi Gordo em 2012 e poderemos abordar mais detalhes deste trabalho.
Vamos discutir questões como:
• Qual a importância do mercado interno no nosso consumo hoje e como a demanda está reagindo em relação a 2011?
• O que podemos esperar dos preços da entressafra 2012?
• Qual a importância da atividade global e da produção para os países exportadores de commodities?
FONTE: BEEFPOINT
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