A alta dos preços agropecuários no atacado deve chegar ao consumidor nos próximos meses. Ele sentirá mais no bolso o peso da carne bovina, do frango e de derivados do trigo, como a farinha, massas e o pão francês.
Após subirem 0,57% em junho, os preços agrícolas no atacado aceleraram para 0,80% em julho, segundo o IGP-10, da FGV.
Para o consumidor, o repasse deve se concentrar em agosto e em setembro, quando o grupo alimentos e bebidas mostrará taxas de 0,16% e 0,49% no IPCA, segundo estimativa da LCA Consultores.
"Considerando a deflação do grupo de 0,27% que deve ser registrada em julho, as altas dos meses seguintes não são desprezíveis", diz Fabio Romão, economista da LCA.
Editoria de Arte/Folhapress |
O alívio de julho deve-se a novas quedas no preço do tomate -o vilão da inflação no primeiro trimestre- e a reduções no valor da batata e de frutas, que subiram acima do habitual nos últimos meses e devem voltar à normalidade.
Nos dois meses seguintes, porém, as carnes e os derivados de trigo exercerão pressão contrária sobre a inflação no varejo. Nas últimas medições de preços no atacado, esses itens estiveram entre os destaques de alta.
Segundo Romão, a inflação de alimentos ficará no teto da média histórica para o período nos próximos meses, mas longe dos patamares de 2012. No ano passado, a seca na América do Sul e nos EUA reduziu drasticamente a produção de grãos, impactando os alimentos em geral.
QUEM SOBE
No IGP-10 divulgado ontem, os preços no atacado dos bovinos subiram 2% em julho, ante deflação de 0,8% no mês anterior. O movimento reflete a alta do boi gordo, de 4% só neste mês, segundo a Informa Economics FNP.
O inverno úmido desestimula a venda de animais para o abate, pois melhora as condições das pastagens, reduzindo a oferta de bovinos para os frigoríficos.
As aves, que aceleraram de -7% para -0,4%, refletem um ajuste na oferta dos animais, depois de os preços do frango terem atingido níveis baixos no início deste ano.
Como os preços da ave viva continuam subindo -pesquisa da Folha aponta alta de 19% em 30 dias em São Paulo-, espera-se novos reajustes no atacado e varejo.
Os derivados de trigo também são candidatos a aumentos de preços. Em sete dias, a saca de 60 quilos do cereal subiu 8% no país, segundo a Folha. Levantamento da GO Associados confirma a tendência, com reajuste de 5% do trigo no atacado em julho.
"O repasse ao consumidor deve chegar entre 30 e 60 dias", diz Fábio Silveira, economista da GO Associados.
Pelo menos 60% do trigo consumido no país é importado, e o principal fornecedor, a Argentina, decidiu barrar as exportações para conter os preços internos de derivados.
A medida encontrou os estoques no pior nível dos últimos anos no Brasil -73% menores do que há um ano. Espera-se aumento de 28% na produção na próxima safra.
"Os preços só devem ceder no último trimestre, com o avanço da colheita", diz Renata Maggian, do Cepea.
fonte: Folha de São Paulo
fonte: Folha de São Paulo
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