terça-feira, 1 de junho de 2010

Análise do custo de formação de pastagens

Um dos itens mais importantes quando o assunto é investimento na produção pecuária é a formação de pastagens. Existem muitas dúvidas sobre como considerá-la do ponto de vista gerencial, sua participação no custo operacional e a distribuição dos custos envolvidos no plantio.
Baseado nisso, foi feita uma análise dos custos envolvidos e da participação deste item no custo operacional da pecuária de corte.
Salientamos que os parâmetros utilizados foram estimados pela Scot Consultoria, buscando contemplar as práticas mais utilizadas no plantio de forrageiras.
Variações quanto ao uso de insumos e o custo de produção podem ocorrer, relacionadas ao método de plantio ou fertilidade do solo, por exemplo.

Custos de formação

O custo de formação da pastagem foi dividido em operações e insumos. No caso do plantio de um hectare, no caso, de Brachiaria brizantha, foram utilizados 1.500kg de calcário, 400kg de superfosfato simples, 100kg de uréia e 100kg de cloreto de potássio. Utilizou-se herbicida, formicida e cupinicida em dosagens recomendadas pelo fabricante.
Para as sementes, optou-se por utilizar uma quantidade de 15kg/ha.
Já as operações incluíram a roçada, aração, calagem, gradagem, semeadura e adubação, compactação de sementes, aplicação de herbicida, adubação de cobertura e transporte de insumos.
De acordo com nossas estimativas, os insumos representam 52% do custo. Dentro dos insumos, os fertilizantes representaram 58,4%.
Na sequência aparecem a semente e o calcário, representando 15,7% e 9,7% do custo de formação, respectivamente.
Utilizando os parâmetros citados, o custo de formação de um hectare de pasto de B. brizantha foi estimado em R$1.100,00.



Visão gerencial
Apesar da atenção dos fazendeiros se voltar para os custos envolvidos na formação, existe outra questão de fundamental importância: a depreciação das pastagens.
Vamos a um exemplo. Imaginemos um fazendeiro que plantou quinhentos hectares de pastagem.
Para o cálculo da depreciação, utilizaremos o valor estimado de formação de R$1.100,00/ha, vida útil de quinze anos e valor final zero.
Com esses valores, temos uma depreciação anual, só com as pastagens, de aproximadamente R$36.700,00. Reparem que esse valor foi obtido em uma área relativamente pequena e considerando uma boa vida útil para pastagens cultivadas.
Esse valor deve ser enquadrado dentro dos custos fixos, para fins de cálculo dos resultados econômicos no exercício anual. A adoção do cálculo da depreciação visa garantir que, ao término da vida desta pastagem, haja capital disponível para o novo plantio.
Imaginem agora como grandes áreas de pastagens formadas e mal manejadas podem impactar negativamente a atividade, através de altos valores de depreciação.

Pastagens no custo operacional
Para analisarmos esse ponto, vejamos na figura 2 a distribuição dos custos operacionais de uma atividade de ciclo completo em fase inicial de tecnificação.



Como podemos ver, as depreciações são a maior fonte de custo da atividade. De acordo com a experiência dos diagnósticos econômicos da Scot Consultoria, podemos dizer que as pastagens representam, em média, 56% das depreciações anuais de empresas agropecuárias de ciclo completo em fase inicial de aplicação de tecnologia. Podem existir variações, dependendo das características da empresa.
Aplicando essa porcentagem em cima da participação das depreciações, temos que a pastagem representa 25,8% do custo operacional deste sistema.
Inúmeras análises podem ser feitas com esses dados, como por exemplo a participação de cada insumo ou operação no custo operacional do sistema.

Conclusões

Através dos números apresentados, observamos a importância das pastagens no custo de produção da pecuária de corte extensiva. Afinal, geralmente depois da terra, que não é depreciada, as pastagens representam o ativo de maior valor de empresas pecuárias.
Podemos concluir também que alguns parâmetros têm influência direta neste resultado, como a vida útil das pastagens e o nível tecnológico do sistema.
Por exemplo, se a vida útil do pasto é prolongada através do correto manejo, da manutenção da fertilidade do solo ou do combate às ervas invasoras, o custo fixo anual proveniente das pastagens será diminuído.
Já em relação à tecnologia, à medida que as empresas evoluem em produtividade, a participação da depreciação no custo operacional diminui. Dessa forma, as pastagens pesam menos na distribuição final dos custos do sistema de produção.

FONTE: SCOT CONSULTORIA

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