O boi continua em alta. Nesta semana, atingiu o patamar de US$ 53 (cerca de R$ 91,50) por arroba. Há um mês estava em US$ 51 (cerca de R$ 88,10, pela cotação da moeda americana ontem).
Não resta dúvida de que essa é uma ótima notícia para o pecuarista. Afinal, os preços patinaram durante praticamente três anos. E a receita em alta é um alívio para as contas, que estavam no vermelho.
A combinação de fatores que sustentam os preços do boi gordo permanece a mesma. A demanda está aquecida por conta da melhoria de renda, a escassez de chuvas prejudica a qualidade dos pastos (atrasando a terminação do gado) e a recuperação do plantel não consegue o ritmo necessário.
Não fosse a melhoria -incontestável- da qualidade genética do rebanho nacional, a oferta de animais estaria ainda menor.
Dois aspectos merecem análise mais detalhada. Em primeiro lugar, o aumento do abate de fêmeas. Atualmente, está em torno de 35%, percentual considerado próximo do ideal.
Porém, em vários momentos nos últimos anos, o índice se aproximou de 50%. Com isso, caiu a produção de bezerros, que se tornam bois gordos após cerca de dois anos.
O momento é de recuperação do rebanho. Mas não é possível acelerar demais esse processo. A genética de qualidade sem dúvida ajuda. Não fossem os investimentos de criadores em gado mais produtivo e haveria ainda menos animais à disposição dos frigoríficos.
Os pecuaristas querem ser bem remunerados. E estão sendo neste momento. Mas não desejam algo irreal. Há um teto de preço para a carne bovina, e especialistas acreditam que esse patamar está próximo.
Essa situação também provoca reações indesejáveis do mercado. A redução da oferta de gado para abate é apontada como motivo de fechamento de algumas unidades frigoríficas.
Sem entrar no mérito da gestão dessas indústrias, não é bom negócio para o pecuarista ter menos opções para vender os bois.
O segundo aspecto que considero importante passa pelo melhoramento genético da pecuária brasileira.
Os números falam por si e isso foi explorado em análises anteriores. Com o mesmo rebanho -cerca de 177 milhões de cabeças, segundo a consultoria AgraFNP, ou 210 milhões, segundo o Ministério da Agricultura-, produzimos cada vez mais carne, em que pese o abate de fêmeas já mencionado. Em 2010, o Brasil deve chegar a 10 milhões de toneladas.
Nesse cenário, somente o aumento da oferta de gado de confinamento pode mudar o atual patamar de preços. Mas há estimativas de queda de 10% nessa prática neste ano, por conta da valorização do boi magro na primeira metade do ano -algo que se mantém, aliás.
Com menos bovinos confinados, o pecuarista deve continuar bem remunerado por mais algum tempo. E essa é uma excelente perspectiva.
FONTE: Folha de São Paulo
Autor: Paulo de Castro Marques
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