terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Brasil contestará na OMC regra da União Europeia para carne bovina

O Brasil deve encaminhar uma reclamação à Organização Mundial do Comércio contra a União Europeia no setor de carnes bovinas.
Governo e setor privado estão de acordo de que esse é o único caminho para eliminar exigências dos europeus tidas como técnicas, mas que não passariam de barreiras comerciais.
O principal motivo dessa representação, que deve ocorrer no próximo ano, deve-se a um descumprimento, na compra de carnes, da cota Hilton -um produto de melhor qualidade e que remunera bem mais.

Quando Bulgária e Romênia entraram para o bloco europeu, o Brasil deixou de exportar 120 mil toneladas de carne bovina para aqueles países. Em troca, os europeus deram 5.000 toneladas de cotas Hilton para o país, elevando para 10 mil o total.
"O problema é que os europeus estão fazendo uma blindagem que não permite ao Brasil cumprir essa cota", diz Antonio Camardelli, presidente da Abiec (entidade do setor). O resultado foi que o setor brasileiro de carne bovina exporta menos do que 10% da cota estipulada pelos europeus por ano.

Na avaliação do Camardelli, os europeus exigem um boi que o Brasil não consegue produzir, uma exigência que não é feita a outros países produtores.
O gado brasileiro deve ser alimentado apenas em pasto, sem suplementação alimentar, o que dificulta chegar ao padrão de carcaça exigido pelos europeus. Nos demais países, essa complementação não é proibida.
Segundo, os europeus exigem dos brasileiros uma rastreabilidade do gado desde a desmama. Para os demais países, a exigência se limita a 90 dias antes do abate.
Fernando Sampaio, coordenador de sustentabilidade da Abiec, diz que "as exigências para o Brasil são muito mais restritivas".

Camardelli diz que o conselho da Abiec já decidiu pela reclamação à OMC. Resta, agora, uma aprovação da assembleia, que inclui as empresas do setor de carnes.

OBJETIVOS
Após a reabertura de todos os países que tinham fechado as portas para Brasil em 2005, na ocorrência da febre aftosa, os exportadores querem uma retomada sustentável desses mercados. Querem, também, uma revitalização de mercados afetados pela recente crise.
Para o próximo ano, Camardelli diz que o país atuará em duas frentes. Uma é buscar os mercados que ainda não compram carne brasileira, e que pagam mais, como Estados Unidos, Coreia do Sul, Canadá, Japão e México.

A outra é agir com mais dinamismo nos mercados já abertos e que têm bom potencial de compra, como China, Marrocos, Cuba, Angola e outros. "Precisamos fazer um trabalho cirúrgico."
O Brasil vai terminar o ano vendendo menos carne para o exterior, mas com receitas maiores, devido à valorização do produto.
Em volume, as exportações devem recuar de 1,92 milhão de toneladas em 2009 para 1,64 milhão de toneladas, mas as receitas sobem de US$ 4,1 bilhões para US$ 4,9 bilhões.

Fonte: Folha de São Paulo

Nenhum comentário: