Sinônimo de crise nos últimos anos, a pecuária de corte gaúcha encerra 2010 com o maior crescimento no campo entre todas as criações e lavouras. O Valor Bruto da Produção (VBP) da atividade deve fechar o ano em R$ 2,32 bilhões, crescimento de 31% sobre 2009, mostram os dados apresentados ontem pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Ao lado do maior consumo no mercado interno pelo avanço da renda, o Rio Grande do Sul foi beneficiado pelo ciclo de recuperação de matrizes e consequente maior oferta de animais para abate e a seca no Centro-Oeste. Com a baixa disponibilidade de boi gordo nos principais centros produtores, os frigoríficos gaúchos, que normalmente recebem carcaças de outros Estados, este ano inverteram o fluxo, diz o economista da entidade, Antônio da Luz. Estatísticas do Sindicato da Indústria de carnes e Derivados no Estado também mostram que as abates no Rio Grande do Sul cresceram 24% em 2010.
- A cada 1% de aumento da renda do brasileiro, 0,54% vai para consumo de carne bovina - afirma Luz, acrescentando que o cenário para 2011 segue positivo e pode ser potencializado por uma recuperação ainda maior das exportações.
No VBP, que mede o valor de vendas das propriedades, o segundo melhor desempenho foi suinocultura, com um crescimento de 19%. O setor de carnes, também ajudado pelo frango, fez a agropecuária gaúcha não ter uma queda maior no indicador em 2010. Entre todas as atividades, a retração foi de 1%, puxada pela quebra na lavoura de arroz e o resultado do fumo e do trigo.
Picanha e filé mignon estão entre os mais valorizados
Segundo a Farsul, o preço do quilo vivo do boi gordo hoje no Estado oscila de R$ 2,90 a R$ 3,20 - enquanto a média de dezembro, entre 2005 e 2009, é de R$ 2,29, conforme a Emater. Ao mesmo tempo, reforça a entidade, os animais destinados ao abate ganham precocidade e qualidade, elevando a remuneração dos criadores. Picanha e filé mignon estão entre os mais valorizados.
Mesmo que o resultado da porteira para dentro mostrado pelo VBP tenha se retraído, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio gaúcho - que inclui as vendas de todo o setor, de insumos a máquinas - teve um desempenho positivo de 7,2% em 2010. Para 2011, devido à esperada queda de produtividade da soja e do milho em razão do La Niña, o PIB do setor deve crescer apenas 0,5%, com os preços em alta sustentando a queda dos volumes.
FONTE: IEPEC
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