terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Escassez de produto faz cotação do quilo do boi gordo aumentar no Rio Grande do Sul

Valor médio chegou a R$ 3,22 na semana passada, 23% acima da média para o mês
A estiagem que atinge Campanha, Fronteira Oeste e Zona Sul do Rio Grande do Sul, três das principais regiões de pecuária no Estado, fez o preço do quilo do boi gordo bater no teto em fevereiro. Dados da Emater mostram que, semana passada, chegou a R$ 3,22 o valor médio no mercado gaúcho, 23% acima da média para o mês, conforme série histórica iniciada em 2005.
Como a alta está mais relacionada a um problema de oferta no Rio Grande do Sul do que ao avanço do consumo, o momento não se traduz em ganhos generalizados para os pecuaristas, diz o economista Antônio da Luz, da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
— Não são todos os produtores que estão conseguindo aproveitar este momento. Se Campanha, Fronteira Oeste e Zona Sul sofrem com a seca, as outras regiões não fazem cócegas na oferta — entende o economista, que prevê a continuidade do quadro de valorização pelo menos nos próximos dois meses.
Além de afetar a disponibilidade de gado, a falta de chuva também prejudica a qualidade e abre uma frente de atrito entre produtores e indústria. Os animais ofertados pelos produtores estão mais magros e o percentual de rendimento avaliado pelos frigoríficos diminuiu de 52% para cerca de 48% nos bovinos machos, descontentando os produtores.
Criadores querem novo debate com a indústria
Pecuaristas de Alegrete, na Fronteira Oeste do Estado, procuraram durante a semana passada o Sindicato Rural do município buscando intervenção nas negociações com o frigorífico de maior número de plantas de abate no Estado.
— Os frigoríficos historicamente avaliam de 50% a 52% o rendimento de bois. Houve secas bem piores que a atual e a equivalência foi sempre esta. O produtor não pode ser castigado por um fenômeno climático. Esta semana deve haver uma reunião entre frigorífico e produtores — comenta o presidente do Sindicato Rural de Alegrete, Pedro Pires Pífero.
Para o diretor executivo do Sindicato da Indústria da Carne e Derivados no Estado, Zilmar Moussalle, além do fator climático, nos meses de janeiro e fevereiro houve uma retração no consumo de carne por parte do consumidor, o que dificulta a negociação da indústria com o varejo, que não tem como repassar os mesmos valores antes praticados para produtor.
Fernando Velloso, consultor da FF Velloso & Dimas Rocha Assessoria Agropecuária, lembra que a avaliação do rendimento sempre foi motivo de discórdia entre produtor e frigoríficos:
— Nem sempre os produtores acompanham o abate para ver o que o animal vai render. Esperam um rendimento e o frigorífico acaba pagando outro. Os produtores se sentem penalizados.

FONTE: ZERO HORA

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