segunda-feira, 11 de abril de 2011

Como anda o abate de fêmeas?

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da Pesquisa Trimestral de Abates, referentes aos últimos três meses de 2010. No 4º trimestre do ano passado, foram abatidas 7,183 milhões de cabeças de bovinos, uma queda de 3,0% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 3,8% em relação ao mesmo período em 2009.

Segundo dados do IBGE, em 2010 foram abatidas 29,265 milhões de cabeças de bovinos, representando aumento de 4,3% em relação ao ano anterior e o abate de bovinos tem mostrado recuperação após período de crise internacional (4º trimestre de 2008 ao 2º trimestre de 2009).

Mas a pergunta de todos é: como está a evolução do abate de fêmeas? É interessante analisar estes dados para termos uma noção de qual fase do ciclo pecuário estamos.

As constantes altas que vêm sendo observadas nos preços da arroba do boi gordo podem ser creditadas, principalmente, ao aumento da demanda mundial por carnes e a oferta reduzida de animais para o abate.

A primeira está relacionada ao aumento da população mundial, da renda desta população - que com mais dinheiro no bolso opta por comprar mais este tipo de proteína, em especial o brasileiro que tem experimentado uma melhor distribuição de renda e assim o mercado interno segue aquecido.

O segundo fator não é exclusividade do Brasil. Está claro que existem menos animais sendo disponibilizados no mercado, por aqui isso acontece devido ao intenso aumento no abate de matrizes que ocorreu de 2003 a 2006, em consequência dos preços reduzidos da arroba, que desestimularam investimentos na atividade produtiva e forçaram os criadores a abater um número maior de fêmeas para fazer caixa. Assim a oferta de bezerros diminuiu e posteriormente os reflexos apareceram no mercado do boi gordo também. Outro ponto que deve ser levado em conta e que agravou ainda mais o desequilíbrio entre oferta e demanda, é que há alguns anos a indústria frigorífica investiu no aumento e modernização do parque industrial brasileiro, promovendo a expansão da capacidade de abate, no entanto a produção não acompanhou esta expansão e o resultado todos nós conhecemos, boi "caro" em praticamente todo o país.

Segundo a pesquisa do IBGE, em 2010 foram abatidas nos frigoríficos brasileiros, com algum tipo de inspeção, 10.566.631 de fêmeas (vacas + novilhas), que foram responsáveis pela fatia de 36,11% do abate total de bovinos. Em 2009 esta participação foi de 37,37% e em 2008 de 39,00%, evidenciando que está sim existindo um movimento de retenção de matrizes na pecuária brasileira que deve se refletir na oferta de animais para abate nos próximos anos.

Gráfico 1. Participação de machos e fêmeas nos abates totais



Como isto vai influenciar nos preços da arroba já é outra história. É preciso acompanhar além da intensidade desta retenção, como será o comportamento do mercado interno - que vem ganhando importância nos últimos anos e segue aquecido apesar do aumento nos índices de inflação -, das exportações de carne bovina brasileira - que tem sofrido com a variação cambial desfavorável - e dos custos de produção; como estão sendo realizados os investimentos no setor; como irão evoluir os preços das outras proteínas de origem animal, principalmente frangos e suínos; como estará a saúde financeira do frigoríficos nos próximos anos; entre outros fatores que influenciam direta e indiretamente o mercado do boi gordo.

FONTE: BEEFPOINT

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