Carta Pecuária de 08/04/2011
Rogério Goulart
Reprodução permitida desde que citada a fonte
Essa semana vamos conversar inicialmente sobre o bezerro. Recentemente o pico de 2008 foi, com um belo atraso, finalmente rompido.
Hoje o bezerro vale 780 reais. Se ele quiser continuar na alta, seu próximo objetivo vai para 825~850 reais. Por outro lado, se quiser cair, seu possível objetivo seria entre 675~700 reais. Não vou aborrecer você com o estudo atrás desses números, mas a coisa toda gera esse tipo de visualização simples assim.
Para onde vai? Você pode me perguntar. Difícil dizer, caro leitor. Se o bezerro tivesse subido junto com o boi lá atrás em 2010 te diria que era mais provável ele continuar a subir. Hoje, depois da alta espantosa do boi e o bezerro não indo atrás?
Não sinto tão confortável assim.
A verdade é que a retenção de fêmeas dos últimos anos está produzindo uma maior quantidade de bezerros.
Não vou entrar em detalhes nisso agora porque já venho falando isso várias vezes tanto aqui nos textos semanais, na Carta Pecuária de Longo-Prazo — nosso texto trimestral — e nas palestras que temos feito Brasil afora. Isso está relativamente fácil de enxergar no mercado. Bezerro não está em falta.
Ok, sim, entendo, tem a questão do preço e tal, mas oferta não falta.
O que quero dizer é que se você compara o mercado de bezerro e o mercado de boi magro fica fácil distinguir qual dos dois está mais ofertado — no caso, o mercado de bezerro.
Além disso, a realidade do Mato Grosso do Sul — que gera o gráfico acima e que são os preços oficiais de bezerro para a bolsa — pode não ser a realidade atual em outros estados, mas pode confiar.
Se não é, será daqui a pouco. Cada estado tem seu tempo individual e, até onde pude pesquisar, o MS puxa a fila em se tratando das viradas de mercado. O MS e o RS também, mas o RS responde a um mercado um pouco diferente do Brasil Central, por isso concentro a análise sobre o MS.
Mas independentemente de ciclo pecuário, retenção de fêmeas e quantidade da oferta de reposição, o mercado do bezerro rompeu os picos de 2008 e é isso que nos importa no momento. Confesso a você que esse rompimento me pegou um pouco de surpresa. Não achava que ele teria força para a alta, mas força de alta é o está acontecendo.
Isso obviamente gera um ambiente mais propício para a alta da arroba do boi, caro leitor.
Quem tem bezerros disponíveis agora encontra no estado atual do mercado uma boa opção de comercialização de seus animais e deveria observar com carinho essa possibilidade. Posso falar isso com tranqüilidade porque não gera nenhum conflito de interesse com o que faço — afinal de contas, não compro bezerros para engordar, só compro boi magro ou, em alguns casos, compro já o boi gordo para engordar
mais ainda. Mas isso já é outra história.
Então, a alta do bezerro gera implicações importantes para o mercado do boi. O boi, sim, a gente tem mercado futuro, tem também mercado de opções de futuro (seguro de preço) na bolsa, temos os contratos a termo dos frigoríficos, as Non-Deliverable Foward (NDF) do Banco JBS, etc, etc. Temos alternativas. Dá
pra fazer mais coisa.
CONCLUSÃO Mercado parado. É brabo. Nesse curto-prazo de mercado, não temos muita novidade não. Esses +/- 2 reais que o mercado está oscilando é a única coisa que sabemos que está acontecendo.
De resto, todas as atenções estão voltadas para o dólar.
Você tem visto o dólar, caro leitor? Impressionante. Rumo aos R$ 1,00, como disse umas semanas atrás?
Parece que, no seu devido tempo, sim.
Hei, atrapalha as exportações, mas por outro lado barateia a vida do cidadão. O Brasil do jeito que está pegando fogo, já viu como estão altos os preços de pacotes de hotéis no Nordeste ou em qualquer outro lugar? Um absurdo. Com a metade do valor, ou um pouco mais que isso você vai para Argentina, para o Chile ou até mesmo para os Estados Unidos.
Viajar atualmente de férias no Brasil é coisa de rico, de bacana, de quem tem dinheiro. Para o resto de nós, pobres, quebrados, que têm que economizar, a solução é ir para Nova Iorque... ou Miami, ou Santiago e Buenos Aires!
FONTE: CARTA PECUÁRIA / ROGÉRIO GOULART
Nenhum comentário:
Postar um comentário