Maurício Palma Nogueira, eng. agrônomo e diretor da Bigma Consultoria
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Por diversas vezes, realizamos análises de custos em empresas agropecuárias que têm grandes casas sedes de alto padrão.
Quando se constata custos além da medida e resultados insatisfatórios em fazendas com essa característica é frequente os técnicos culparem os elevados custos da sede. Normalmente se diz:
- Como a empresa pode dar resultado com essa sede?
- Olha o tamanho e os gastos daquela sede!
- Para que manter uma mansão na fazenda?
- É muito custo para a empresa bancar!
De fato, uma sede de alto padrão consome muitos recursos.
Há casos de fazendas cuja folha de pagamento da sede supera a folha de pagamento com o pessoal envolvido com a produção da fazenda.
Além dos custos da manutenção, há de se considerar o investimento na construção das benfeitorias que compõem a sede, normalmente, elevados. Na área rural, dificilmente se recupera este dinheiro, que deve ser depreciado originando custos. Investimento equivalente no meio urbano é passível de recuperação e até de valorização imobiliária.
Então, manter uma sede de alto padrão aumenta os custos da fazenda?
Não! A sede de alto padrão aumenta os custos de vida do proprietário da fazenda, mas não os custos de produção.
Se o plano de contas for bem elaborado e identificar o destino dos recursos, é fácil separar o que foi para a sede e o que foi para a fazenda.
Um plano de contas bem construído permite distinguir com clareza o resultado proporcionado pela fração produtiva da fazenda e identificar quanto custa a sede.
Ninguém constrói uma casa de alto padrão dentro de uma indústria de autopeças, por exemplo, mas certamente o industrial, dono dessa fábrica hipotética, possui uma casa de alto padrão. Ele não mistura as coisas.
A casa do industrial urbano é despesa pessoal, faz parte de seu custo de vida. O empresário não deve incluir sua casa no custo da empresa. O seu pro labore, ou o seu lucro, devem ser suficientes para manter seu padrão de vida.
Uma sede de alto padrão aumenta os custos de vida do empresário e não os custos operacionais da fazenda. Por isso não se deve avaliar o resultado do empreendimento somando o custo da sede, como se fosse da fazenda.
Mesmo que o empresário decida que a fazenda deve pagar as contas da sede – o que é justo – essa decisão deve estar devidamente apontada no plano de contas.
E a decisão de incorporar as despesas de uma sede de qualquer padrão de construção aos custos operacionais da fazenda é do empresário; foge às atribuições de um técnico ou consultor. É até indelicado discutir o mérito dessa questão.
Nesse sentido, uma sede de alto padrão, faz parte do lucro ou do pro labore, que o empresário resolveu transformar em uma casa confortável.
Por que o assunto é importante? Pela simples razão de que o conceito não interfira no diagnóstico do resultado da empresa. As vezes o negócio é lucrativo, mas o custo de vida do proprietário consome boa parcela ou até mais do lucro daquele negócio.
Ao técnico cabe identificar este comportamento de resultados e custos da sede. Mas suas recomendações restringem-se apenas à produção da empresa. Não cabe ao técnico palpitar sobre os gastos pessoais do empresário.
Agindo dessa forma, técnico, equipe e empresários mantém o foco no campo, na rotina operacional, na estratégia adotada, e na forma de gerenciamento. É aí que as decisões precisam ser implementadas.
Mesmo no caso de que a sede ou retirada do empresário supere o lucro e a capacidade de pagar o pro labore, o desafio da intervenção de um técnico é fazer com que os resultados melhores, adaptando a empresa às pretensões do empresário, e não o contrário.
O negócio é focar na gestão e dar solução aos problemas.
FONTE: BIGMA CONSULTORIA
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