A capacidade ociosa dos frigoríficos do Uruguai chega a 30%, segundo dados do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), e a 43%, segundo dados da indústria. Isso demonstra um "período crítico" para o setor, afirmou o diretor executivo da Câmara da Indústria Frigorífica (CIF), Daniel Belerati.
"A capacidade instalada na indústria frigorífica supera as 3,5 milhões de cabeças anualmente, devido, principalmente, aos re-investimentos efetuados no setor ante as projeções favoráveis existentes no ano de 2006 e, além disso, pela incorporação de operadores construindo plantas novas ou remodelando completamente outras. A capacidade ociosa estimada para o ano de 2011 é de 43%", disse ele, durante o Foro das Carnes.
Nesse mesmo evento, a representante do INAC, Claudia Fabani, disse que, "atualmente, a indústria frigorífica tem uma capacidade instalada para abate e processamento de bovinos que oscila entre 3,5 e 3,8 milhões de cabeças (dependendo do método de cálculo) e "dado que o abate real oscilou entre 2,2 e 2,5 milhões, a capacidade ociosa pode ser estimada como mínimo em 30%".
Para Belerati, "o setor se encontra em um período crítico com uma queda sistemática da produção medida em volume de abates", que alcança entre 2006 e 2011 uma redução de 29%, de 2,589 milhões de toneladas a 2 milhões de toneladas estimadas para esse ano. Paralelamente, verifica-se um aumento dos custos internos derivando em uma queda da ocupação no setor, aprofundando a utilização do seguro desemprego e reduções do pessoal".
Nesse sentido, a representante do INAC disse que "entre 2005 e 2010, houve um aumento do pessoal de cerca de 3.500 pessoas (+43%), devido à formalização, como a abertura de novas plantas". Como o volume de trabalho (abate, desossa, elaboração de produtos) não cresceu na mesma proporção, houve uma tendência crescente no uso do seguro desemprego, estimando-se que para o ano de 2010, 8% das pessoas estiveram usando esse seguro, disse ela.
A Federação de Trabalhadores da Indústria de Carnes (Foica) expressou sua preocupação pela situação e disse que "a riqueza gerada que é muita se concentra nas mãos de poucos e grandes pecuaristas e cada vez menos nas mãos dos frigoríficos". A Federação também expressou sua preocupação pela exportação de gado em pé que "tem impactos negativos e admite uma revisão dos termos normativos sob os quais funciona".
No entanto, Belerati disse que "é evidente que o setor frigorífico não pode competir contra países que, por meio de tarifas e com subsídios econômicos e financeiros a seus produtores, pagam preços irreais pelo gado uruguaio". Por isso, fica uma pergunta sem resposta: "o que ocorrerá quando a Turquia decidir interromper essa política de incentivos à importação de gado em pé, com os produtores que tomaram suas decisões de investimento baseados em uma realidade desfigurada por esses valores desmedidos?". O representante da CIF pediu que se "adote uma política de Estado em que se estabeleça que antes de habilitar a exportação de gado em pé a outro país, esse deverá ter habilitado previamente para o ingresso de carnes com osso, sem osso e miúdos refrigerados em estado natural". Ele também reclamou um tratamento igualitário nas exportações, já que o gado não paga tributos e o couro sem processar paga 5%.
FONTE:El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint
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