Fazendas habilitadas para UE em MT somam 431
(Foto: Leandro J. Nascimento)
(Foto: Leandro J. Nascimento)
Governo retomou gerenciamento da “lista trace”.
Oito estados brasileiros estão autorizados a exportarem para bloco.
Dois estados do Centro-Oeste brasileiro concentram o maior número de propriedades rurais aptas a exportar gado para a União Europeia (UE). Elas atenderam a uma série de exigências impostas pelos governos brasileiro e europeu e obtiveram a abertura para o mercado. Juntos, Mato Grosso e Goiás detêm 45,3% do total habilitado no Brasil, que soma 1.948. A maior parcela das fazendas está localizada em Goiás, onde são 452 (23,2%), seguida pela unidade federada mato-grossense, com 431, ou 22,12% do geral.
O número consta na nova lista divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com todas as propriedades que podem realizar a operação. Além dos dois estados, estão inclusos ainda Minas Gerais (428), Mato Grosso do Sul (275), Rio Grande do Sul (173), São Paulo (142), Paraná (36) e Espírito Santo (11).
A cada 15 dias o governo brasileiro deve atualizar a relação das propriedades autorizadas a fornecer bovinos para abate e venda da carne in natura para a União Europeia. Isto porque o Brasil reassumiu o gerenciamento da chamada 'lista trace', e a partir de agora poderá veicular o que desde 2007 era feito exclusivamente pelas autoridades europeias. A notícia repercutiu de maneira positiva no setor produtivo, que fala do retorno como questão de soberania.
Superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari destaca a responsabilidade de elencar quais propriedades podem exportar para o território europeu é do Ministério da Agricutura no Brasil. "Há alguns anos a UE disse que só iria autorizar as propriedades que estavam nessa lista. Isso é uma coisa que o governo brasileiro nunca poderia ter admitido, pois quem deve cuidar da lista é o Brasil. A lista é uma questão de soberania nacional e quem deve cuidar é o Mapa", disse o dirigente, ao G1.
A associação da qual Luciano Vacari faz parte representa, em Mato Grosso, pecuaristas que juntos fazem o estado deter o maior rebanho de bovinos do país, com 29,1 milhões de animais. Mas o dirigente é enfático ao afirmar que mesmo diante das habilitações concedidas aos produtores brasileiros, a diferença de preço paga pela arroba do boi destinado a abastecer a UE e o que fica no país, torna o mercado pouco interessante e, em muitos casos, até mesmo desestimulante.
Segundo ele, o número de novas habilitações de fazendas poderia aumentar desde que o preço da arroba do boi se torne mais atrativo para a carne que será enviada ao bloco europeu. "O fato de quantas propriedades vão participar deste mercado ou não depende de mercado. Para fazer parte dessa lista existe todo um procedimento diferenciado nas propriedades e isso gera custo. O boi vendido para a União Europeia não pode custar o mesmo que o geral aqui. Existe hoje uma diferença de R$ 2 ou R$ 3 e o produtor tem que receber mais", considerou o representante
Pecuaristas falam em baixa remuneração paga
(Foto: Divulgação/ Sato Comunicaçã
Em fevereiro de 2009, o pecuarista Antônio Francisco dos Passos obteve autorização para venda de gado para o bloco. A fazenda dele, sediada em Alta Floresta, a 800 quilômetros de Cuiabá, foi a primeira habilitada na região norte. O pecuarista conta que desde a época, sua propriedade passa por períodicas avaliações. Ele diz sentir a real diferença de preços pagos aos produtores pelos animais.
"Não me arrependo de ter feito a certificação. Mas há alguns pontos que deveriam ser melhorados. Não está muito estimulante, mas continuo otimista. Infelizmente, o mercado é muito complicado, mas é assim em todos os setores. Não está agregando esse diferencial de preços, principalmente para o produtor", contou, ao G1.
Na hora de vender o gado, o pecuarista prefere recorrer a frigoríficos de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá, em função em busca dos melhores preços. "Em minha região há frigoríficos habilitados, mas não estão pagando o ágio (diferença entre o valor nominal e o real)", frisou.
Certificadora
Para certificar o rebanho visando o mercado europeu, o produtor precisa arcar com diferentes gastos, conforme explica Rodolfo Ranieri, da GR Rastreabilidade Animal. À lista das despesas estão inclusos itens como a aquisição e colocação dos brincos certificadores, a renovação do certificado da propriedade, além do gasto individual em cima de cada animal.
"É vantajoso, mas o produtor tem que ter o mínimo de estrutura para manter o processo burocrático", pontuou o empresário.
FONTE: Leandro J. Nascimento
Do G1 MT
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