Autor: A Gazeta
Quarenta e seis por cento do abate bovino em Mato Grosso é realizado pelo Grupo JBS. Com uma capacidade de 18,363 mil cabeças, aproximadamente 14 mil são abatidas por dia nos 13 frigoríficos em operação, de propriedade ou arrendados pela empresa. Em todo o Estado, 39 plantas têm potencial para abater 38,457 mil animais, mas apenas 27 estão em operação, processando 30,802 mil cabeças/dia. Posição do grupo no abate de animais saltou da 2ª em 2008, quando havia 4 unidades, para a 1ª este ano, com 19 plantas, sendo 13 delas em funcionamento. As indústrias BRFoods e Marfrig aparecem em 2º e 3º lugares no ranking de abate este ano, com 13% e 12% do mercado, respectivamente.
Números foram divulgados pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), durante o fórum "Os efeitos da Concentração na Relação Frigoríficos x Pecuaristas", que reuniu representantes dos produtores e indústria nesta quinta-feira (19). “A culpa dessa concentração de abate é do governo federal”, afirma o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, ao reclamar da ausência de uma política justa de concessão de crédito. Segundo ele, somente grandes empresas conseguem recursos, como a JBS, que cresceu devido aos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Diretor-presidente do Grupo JBS, Renato Mauro Costa, que esteve em Cuiabá para participar do encontro, se defende dizendo que “não que seja fácil para a empresa conseguir recursos, mas talvez os outros não tenham todas as garantias para atender o banco”. Quando o assunto é o preço da arroba aplicado nas regiões onde a JBS “domina”, o diretor provoca: “se não estivéssemos lá, como estaria a situação por lá?”.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, regiões identificadas pelo estudo do Imea com maiores problemas de concentração e consequentemente de preço da arroba precisam do apoio dos governos estadual e municipais no planejamento de políticas públicas. Ele sugere a criação de linhas de crédito para industrialização da carne para pequenos e médios empresários, não para construção de frigoríficos, que sobram no Estado. Outras situações andam tirando o sono dos pecuaristas. Produtor de Cáceres, Pedro Lacerda, teme as perdas que vai enfrentar com as grandes empresas que, além de abater, começaram a fazer engorda.
Em 2008, ano em que a crise no setor foi intensa, a capacidade no Estado era de 32,7 mil cabeças em 37 unidades de processamento de bovinos. De lá para cá vários grupos pequenos fecharam as portas, sendo integrados a outros maiores.
Por região - Norte e Nordeste de Mato Grosso apresentam o maior número de frigoríficos fechados, alguns em recuperação judicial. Das 9 unidades instaladas no Norte, 6 estão em atividade, mas conseguem suprir 85% (6,06 mil cabeças) da capacidade existente, que é de 7,06 mil. No Nordeste, entretanto, 35,75% (1,7 mil) da capacidade é atendida pelas duas indústrias que operam, das 5 existentes, e que juntas abateriam 4,75 mil cabeças/dia.
Indústrias - Procuradas pelo reportagem, BRFoods não comentou o assunto e Marfrig não respondeu até o fechamento desta edição.
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